segunda-feira, 23 de maio de 2016

TERRORISMO, AGITADORES PROFISSIONAIS E ASSALTOS - Mais mortos... (18, 19 e 20)

18 - 24/10/68 - Luiz Carlos Augusto - civil - RJ


Morto, com 1 tiro, durante uma passeata estudantil. O rapaz trabalhava em um escritório que administrava uma marcenaria. A passeata dos estudantes ia passando e destruindo as lojas que não fechassem. A polícia chegava para reprimir a bagunça dando tiros para o alto. Muitos agitadores profissionais também davam tiros. Um destes tiros matou Luiz Carlos Augusto.

Época de muitos movimentos estudantis infernizando a vida nas capitais. Terrorismo, sequestros, assaltos a cidadãos e a bancos. A crise de segurança era grande. Naquele tempo, a polícia não tinha escudo, equipamentos de proteção, balas de borracha, gás de pimenta... Nada disso. Era o cacetete de madeira, a pistola e um capacete (nada de coletes à prova de balas também).




A situação era tensa. Políticos, empresários e militares tentavam resolver o problema. O terrorismo e a agitação da esquerda não paravam. 

Costa e Silva instala a primeira Comissão de Direitos da Pessoa Humana, das Nações Unidas, no Brasil.


Assaltos matam mais dois cidadãos:

19 - 25/10/68 - Wenceslau Ramalho Leite - civil - RJ
Morto, com 4 tiros de pistola Luger 9mm, durante o roubo de seu carro, na avenida 28 de Setembro, Vila Isabel, RJ. Autores: Murilo Pinto da Silva (Cesar ou Miranda) e Fausto Machado Freire(Ruivo ou Wilson) ambos integrantes da Organização Terrorista COLINA(Comando de Libertação Nacional).

20 - 07/11/68 - Estanislau Ignácio Correia - Civil - SP
Morto pelos terroristas Ioshitame Fugimore, Oswaldo Antônio dos Santos e Pedro Lobo Oliveira, todos integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária(VPR), quando roubavam seu automóvel na esquina das ruas Carlos Norberto Souza Aranha e Jaime Fonseca Rodrigues, em São Paulo. 

domingo, 8 de maio de 2016

MAIS 3 ASSASSINATOS PRATICADOS POR TERRORISTAS COMUNISTAS (15, 16 e 17). UM DELES, O DE UM PAI, NA FRENTE DA ESPOSA E DOS FILHOS! Vejam a crueldade desta gente!

15 - 07/09/68 - Eduardo Custódio de Souza - Soldado PM – SP
Morto, com sete tiros, por terroristas de uma organização não identificada quando de sentinela no DEOPS, em São Paulo.

16 - 20/09/68 - Antônio Carlos Jeffery - Soldado PM – SP

Morto a tiros quando de sentinela no quartel da então Força Pública de São Paulo (atual PM) no Barro Branco. Organização terrorista que praticou o assassinato: Vanguarda Popular Revolucionária. Assassinos: Pedro Lobo de Oliveira; Onofre Pinto; Diógenes José Carvalho de Oliveira, atualmente conhecido como o Diógenes do PT, ex-auxiliar de Olívio Dutra no Governo do RS.

17 - 12/10/68 - Charles Rodney Chandler - Cap. do Exército dos Estados Unidos – SP

Herói na guerra com o Vietnã, veio ao Brasil para fazer o Curso de Sociologia e Política, na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo/SP. No início de outubro de 68, um "Tribunal Revolucionário", composto pelos dirigentes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari), João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) e Ladislas Dowbor (Jamil), condenou o capitão Chandler à morte, porque ele "seria um agente da CIA". Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O capitão Chandler quando retirava seu carro da garagem para seguir para a Faculdade, foi assassinado, friamente, com 14 tiros de metralhadora e vários tiros de revólver, na frente da sua esposa Joan e de seus 3 filhos. O grupo de execução era constituído pelos terroristas Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio), Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo, Pedro) e Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito).



Por que mataram meu pai?
Escrito por jo.ustra
23 Maio 2013

Entrevista com o filho do Capitão Charles Rodney Chandler

Morando na Flórida, pai de três filhos, bancário, Todd Chandler concedeu entrevista a ZH sobre o assassinato do Capitão do Exército americano  Charles Chandler, em São Paulo, há 37 anos:

Zero Hora - O que o senhor lembra do crime?
Todd Chandler - Lembro os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no carro.
ZH - Como sua família enfrentou a tragédia? 
Todd - Voltamos para os Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.
ZH - Como o senhor superou a morte do pai?
Todd - Nunca superei. Na medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os participantes  dele, fiquei com muita raiva. Se acontecesse hoje, as consequências seriam drasticamente diferentes.
ZH - Como é a imagem de Chandler no seu país?
Todd - O mais surpreendente é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.
ZH - Como o senhor cultiva a memória de seu pai?
Todd - Vejo ele todos os dias. As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.
ZH - Como era o seu pai, a carreira militar dele?
Todd - Meu pai nasceu e foi criado numa cidade muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.
ZH - Qual era a missão do seu pai no Brasil?
Todd - Não havia missão alguma. Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a mínima ideia de por que ele foi o alvo.
ZH - Como o senhor se sente ?
Todd - Sei que as coisas eram diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: "por quê"? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes. Charles Rodney Chandler"


No início de outubro/68, um "Tribunal Revolucionário" condenou o capitão Chandler à morte, porque ele "seria um agente da CIA". O "tribunal vermelho"  era composto pelos dirigentes da VPR  - Vanguarda Popular Revolucionária:
Pedro Lobo de Oliveira 
Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari)
João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) 
Ladislas Dowbor (Jamil)



Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O grupo de execução era constituído pelos terroristas:
Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio);
Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo, Pedro);
Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito)

Abaixo, o depoimento de Pedro Lobo de Oliveira, assumindo e detalhando o crime, transcrito do livro A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio Caso /Prêmio Testemunho 1973 da Casa de Las Américas/ Cuba-  Moraes Editora - ed.1976 - Lisboa/ Portugal).

“Chandler cruzou o portão e ganhou a calçada, ainda em marcha atrás. Antes que a carrinha (sic) alcançasse a rua, coloquei o Volks de tal modo que bloqueava a passagem do veículo de Chandler pela sua parte traseira, impedindo-o de continuar a marcha. Nesse instante um dos meus companheiros saltou do Volks, revólver na mão, e disparou contra Chandler.
Quando soaram os primeiros disparos, Chandler deixou-se cair rapidamente para o lado esquerdo do banco. Evidentemente estava ferido. Mas eu, que estava extremamente atento a todos os seus movimentos, percebi que ele não tombara somente em consequência das feridas. Foi um ato instintivo de defesa, porquanto se moveu com muita rapidez.
Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a metralhadora INA e
deferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando -  Chandler já estava morto...”
“... Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto. Nesse momento eu lançava à rua os impressos que esclareciam ao povo brasileiro das nossas razões para eliminar Charles Chandler...” Os folhetos concluíam com as seguintes consignas:
“O DEVER DE TODO O REVOLUCIONÁRIO É FAZER A REVOLUÇÃO! CRIAR DOIS, TRÊS, MUITOS VIETNAMES...”
“Consideramos desnecessária cobertura armada para aquela ação. Tratava-se de uma ação simples. Três combatentes revolucionários decididos são suficientes para realizar uma ação de justiçamento nessas condições. Considerado o nível em que se encontrava a repressão, naquela altura, entendemos que não era necessária a cobertura armada.”

Era essa a forma usada pelos criminosos da esquerda revolucionária para desestabilizar o regime militar e tomarem o poder, implantando uma ditadura do proletariado. Assassinar com crueldade era o dia-a-dia desses sanguinários combatentes do marxismo-leninismo.

Todos esses criminosos foram indenizados com vultosas quantias e são considerados como "heróis que lutavam pela democracia". Na história oficial , que a Comissão da Verdade apresenta à sociedade, os crimes praticados por esses e outros terroristas serão varridos para baixo dos tapetes vermelhos dos órgãos do governo.  "O Direito à Memória e a verdade", prometido à sociedade,  será apresentar  os agentes do Estado, que lutaram  para que eles não implantassem uma ditadura comunista, como torturadores e assassinos desses "heróís".

HOJE:
Diógenes José de Carvalho Oliveira, também conhecido como Diógenes do PT, na década de 90 ingressou nos quadros do PT/RS, sempre assessorando seus líderes mais influentes. Diógenes foi o Presidente do Clube de Seguros da Cidadania de Porto Alegre, órgão encarregado de coletar fundos para o PT.

João Carlos Kfouri Quartin de Morais é, atualmente Professor Titular de Filosofia e Ciências da UNICAMP e,

Ladislas Dowbor Professor Titular de Economia da PUC/SP e trabalha no Instituto de Economia da UNICAMP. Saiba mais em Recordando a História/Justiçamentos

Fontes:
- GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas - Editora Ática.
- Projeto Orvil.
- CASO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - Moraes Editores.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Mataram um major do Exército alemão. Mataram por engano. Só foram descobertos depois da Anistia. Não se arrependeram. (14)

01/07/68 - Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen - Major do Exército Alemão - RJ
Morto no Rio de Janeiro, onde fazia o Curso da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Assassinado na Rua Engenheiro Duarte, na Gávea, por ter sido confundido com o major boliviano Gary Prado, suposto matador de Che Guevara, que também cursava a mesma escola. Autores: Severino Viana Callou, João Lucas Alves e o agrônomo José Roberto Monteiro (este, o militante que nunca havia sido identificado, mas que confessou o assassinato, em outubro de 2007, numa entrevista ao Estadão) - todos da organização terrorista denominada COLINA - Comando de Libertação Nacional.

MORTE POR ENGANO

 "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - Carlos Alberto Brilhante Ustra

Em 1968, o capitão do exército boliviano Gary Prado fazia o Curso de Estado-Maior, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Ele ficara conhecido internacionalmente como o oficial que teria participado da perseguição e morte, nas matas da Bolívia, do guerrilheiro Che Guevara.
Sabedoras de sua presença no Rio de Janeiro, organizações terroristas se inquietaram. O “Tribunal Revolucionário” foi convocado e o oficial boliviano condenado à morte.
Para que a ação tivesse êxito, o levantamento dos hábitos da vida da vítima começou a ser feito nas saídas da Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), seguindo-se o oficial até à sua residência, na Gávea, bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhecido o trajeto e escolhido o melhor local para o assassinato, partiram os carrascos para executar a sentença.
No dia 1º de julho de 1968, João Lucas Alves, Severino Viana Collon e José Roberto Monteiro, todos do Comando de Libertação Nacional (COLINA), ficaram à espreita, em um Fusca, na Rua Engenheiro Duarte, na Gávea. Ao avistarem o oficial, executaram-no, fria e covardemente, com dez tiros. Depois de verificarem que o militar estava morto, levaram sua pasta para simular um assalto.

Mais tarde, ao abrirem a pasta, verificando os documentos do “justiçado”, constataram o terrível engano. Gary Prado fora salvo por um levantamento malfeito. Desconheciam os uniformes. Em seu lugar, haviam assassinado o major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernahagen, colega de Gary Prado no Curso de Estado-Maior.
Para as autoridades policiais da época o crime teria sido cometido por assaltantes ou até por supostos caçadores de nazistas.

O TERCEIRO MILITANTE ASSASSINO
Terça-feira, 9 de outubro de 2007,

Brasileiro lamenta não ter sido o 'vingador de Che'
Amílcar Baiardi conta como foi errar o tiro contra o assassino do revolucionário, 40 anos após a sua morte

Lucas Pretti, do estadao.com.br

Baiardi e os companheiros mataram um militar alemão no lugar de Gary Prado

SALVADOR - O sonho desse intelectual baiano de 66 anos era ter escrito a carta até o fim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Em 1968, o jovem Amílcar Baiardi fez parte do grupo de brasileiros que tentou matar Gary Prado, o militar boliviano que capturara Ernesto Guevara de la Serna um ano antes, em 8 de outubro de 1967, 40 anos atrás. Mas o tiro atingiu o peito errado - e Baiardi participou de um dos principais erros históricos da esquerda brasileira. A frustração o persegue quatro décadas depois. "Seria muito reconfortante ter matado Gary", diz em entrevista exclusiva ao estadao.com.br.

Intelectual e profundo conhecedor das táticas de guerrilha rural, Baiardi foi o responsável por redigir o comunicado oficial do Comando de Libertação Nacional (Colina) sobre a morte de Gary Prado à imprensa. Esperou pelos três "companheiros" quase uma hora num "aparelho" clandestino no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. Quando chegaram, com a missão cumprida e uma pasta supostamente do militar boliviano, perceberam que algo estava errado. Documentos em alemão. Haviam matado Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen, major do Exército alemão.

Baiardi amassou e destruiu imediatamente o rascunho da carta. Firmou com João Lucas Alves, Severino Viana e José Roberto Monteiro (os três companheiros) um pacto de silêncio que durou até 1988. Apenas ele sobreviveu à ditadura.

O hoje professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1997 e ex-guerrilheiro recebeu o estadao.com.br em seu apartamento, em Salvador, para contar a história. E falar de Che, o "visionário romântico".

 Você tem formação em guerrilha rural, chegou a organizar o primeiro exército de guerrilheiros rurais no Maranhão. Como foi parar em uma ação urbana no meio do Rio de Janeiro?

Eu não estava no grupo tático do Colina que organizou o atentado a Gary Prado. Mas como sabiam que eu tinha experiência e uma cultura mais geral do que era o movimento de libertação na América Latina, me pediram para redigir a mensagem ao povo brasileiro comunicando a vingança de Che Guevara. Tanto que no aparelho tinha uma máquina de escrever e eu já estava preparando o que seria a mensagem.

Esse papel ainda existe?

Não, não... Fiz um manuscrito que depois embolei e destruí lá mesmo. A mensagem seria assim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Imaginava que teria uns quatro a cinco parágrafos. Terminaríamos com a exortação dos revolucionários no Brasil para a construção de uma frente guerrilheira única. Era um discurso nessa direção. Deixaríamos a mensagem numa caixa de correio e avisaríamos os jornais. Seria uma bomba jornalística, era a idéia.

Você foi o mentor do atentado?

Não, fui convocado pelo Colina. Tinha uma relação muito próxima com dois dos companheiros. Um paulista agrônomo, José Roberto Monteiro, que trabalhou comigo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O outro era João Lucas Alves. Ficamos muito ligados em decorrência do material sobre guerrilha que eu havia trazido da Colômbia. Ele que me ligou e disse: "Venha para o Rio de Janeiro que temos uma ação para você, uma ação de impacto que vai projetar nossa organização".

As táticas usadas pelo Colina eram as mesmas de organizações mais reconhecidas na época como a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca?

Sim. Tínhamos uma infinidade de medidas de segurança. Tanto que cheguei vendado ao que se chamava de aparelho, creio que em Botafogo, não sei direito até hoje. Como combinado, num determinado local, num certo dia, o João Lucas me pegou, me deu a venda e eu entrei num apartamento. Foi aí que soube: "Nós vamos vingar o Che". Foi feito o levantamento do Gary Prado, a imprensa tinha noticiado que ele tinha ido ao Rio para cursar a Escola Superior do Estado-Maior, na Praia Vermelha. Cheguei, tinha lá um sanduíche, uma máquina de escrever. Era um aparelho típico. Pouca mobília, algumas armas, e ele me disse que chegaria, dentro de 40 minutos, com esta notícia: a comprovação de que o Gary Prado tinha sido executado.

Como descobriram o engano?

Eles voltaram com uma pasta. Quando abrimos, só tinha documentos em alemão, um passaporte em alemão. Aí não se teve mais dúvida de que se tinha cometido um erro histórico. Nossa fonte de informação era um soldado infiltrado no Exército e havia uma coincidência enorme. Fisicamente, Gary e o alemão eram parecidos, magros, altos, mesma cor de pele, não usavam óculos. Então fizemos um pacto: "Nunca ninguém vai saber disso, nem mesmo nossos companheiros da organização". Não abrimos em hipótese alguma, mesmo presos e sob tortura, porque isso comprometeria a organização. Mas aconteceu um fato curioso. O Gary Prado entendeu a mensagem. Uma semana depois ele desapareceu do Rio, suspeitando que seria o alvo.( ...)

Para finalizar. Você gostaria de ter matado Gary Prado? Queria ter dormido com essa?

Queria. Claro. Seria muito reconfortante. Mas hoje, fazendo a análise contra factual, é curioso ver que Gary Prado joga a favor da redemocratização da Bolívia, um papel positivo na História. Isso só mostra que não devemos ser maniqueístas, dizer que todos que estão de um lado são ruins ou bons. Mostra que as pessoas podem mudar. People change.


SOBRE O COLINA E DILMA ROUSSEFF

A primeira organização que encantou a adolescente Dilma Rousseff foi a Política Operária – POLOP.
A POLOP teve origem no Partido Socialista Brasileiro, e foi fundada em 1961. Seus militantes já agiam  muito antes da Contra Revolução de 1964. Em 12 de março de 1963, apoiou e orientou a subversão dos sargentos em Brasília. Nessa rebelião, 600 militares, entre cabos, sargentos e suboficiais da Marinha e da Aeronáutica, foram apoiados pelo dirigente da POLOP, Juarez Guimarães de Brito, que se deslocou do Rio de Janeiro para Brasília. A cidade foi ocupada pelos rebeldes. Dominada a rebelião duas pessoas estavam mortas: o soldado Divino Dias dos Santos e o motorista civil Francisco Moraes. 
Ainda nessa época, a POLOP concitou o PCB, através de uma "Carta Aberta", a romper com o reformismo e com o governo de João Goulart. 
Logo após, a Política Operária passou por uma fase de muita polêmica quanto às linhas de ação a serem  seguidas para decidir o melhor método para implantação do comunismo no Brasil. Uma ala defendia  a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte e outra dava prioridade à luta armada.
Dilma e a luta armada
Peter Rousév era um advogado russo,  filiado ao Partido Comunista Búlgaro, que, no Brasil, mudou seu nome para Pedro Rousseff e fixou-se em Belo Horizonte, onde ganhou  dinheiro com obras na Siderúrgica Mannesmann. Em Minas casou e teve três filhos: Dilma  e  dois irmãos que tinham uma vida de família de classe média alta, eram atendidos por  três empregadas e moravam em uma casa espaçosa.  Dilma estudou no  Sion , colégio de classe média alta.
Em 1965, com 17 anos, matriculou-se na Escola Estadual Central, um centro de agitação do movimento estudantil secundarista, e começou sua doutrinação.  Dois anos depois militava na  POLOP, influenciada, entre outros movimentos, pelo livro que incendiou o mundo - Revolução da Revolução, de Régis Debray,  que difundia a teoria do foquismo" (a guerrilha de pequenos grupos - os focos), para  expropriar e terminar com a   burguesia.
Em abril de 1968, os militantes da POLOP, de Minas Gerais e da Guanabara, e do Movimento Nacional Revolucionário - MNR - de Brizola se reuniram e  entabularam negociações para a criação de uma nova organização político militar. Ao mesmo tempo, o pessoal da POLOP/GB  realizou uma Conferência, na qual foi aprovado o documento "Concepção da Luta Revolucionária", onde ficou praticamente aprovada a linha política da futura Organização Político Militar - OPM. O documento definiu a revolução brasileira como sendo de caráter socialista e o caminho a seguir o da luta armada, através do  foco guerrilheiro, visto como "a única forma que poderá assumir, agora, a luta armada revolucionária do povo brasileiro". Dilma, aos 20 anos, inclinou-se para a luta armada  e juntou-se ao grupo que optou pela violência.
O processo para a tomada do poder iniciar-se-ia com a criação de um pequeno núcleo rural: o foco, que, através do desencadeamento da luta armada no campo, cresceria e se multiplicaria com a conscientização das massas, até a constituição de um Exército Popular de Libertação. As cidades eram vistas como fontes para o apoio logístico e a guerrilha urbana nelas desencadeadas serviria para manter ocupadas as forças legais. Os atos de terrorismo e sabotagem deveriam obedecer a um rígido critério político, estabelecido pelo comando da OPM.

Criação do Comando de Libertação Nacional - COLINA
Em julho de 1968, esses dissidentes da POLOP realizaram um Congresso Nacional num sítio em Contagem, Minas Gerais no qual foi criado o Comando de Libertação Nacional – COLINA -, com o seu Comando Nacional – CN - integrado por Ângelo Pezzuti da Silva e Carlos Alberto Soares de Freitas, em Minas Gerais, e Juarez Guimaraes de Brito e Maria do Carmo Brito, na Guanabara.

Diretamente ligado ao Comando Nacional - CN -, foi criado:
Setor Estratégico, subdividido em:
a-   Comando Urbano - constituído pelo Setor Operário e Estudantil. Esse setor era o responsável pelo trabalho de massa nas fábricas, empresas, sindicatos, faculdades, etc. Esse trabalho era executado pelas células, por meio das atividades de recrutamento e de agitação e propaganda. O setor editava o jornal "O Piquete".
b-  Comando militar - composto pelos Setores de Levantamento de Áreas; Inteligência; Expropriação; Terrorismo e Sabotagem; e Logistico.
A partir de setembro de 1968 o Setor de Levantamento de Áreas deu início a uma série de viagens pelo interior do país, a fim de selecionar as  regiões mais favoráveis à instalação de guerrilhas. Após estudar mais de sete estados, o COLINA decidiu-se, em junho do ano seguinte, por uma região de mais de 100 mil km2, englobando diversos municípios do Maranhão e de Goiás - Imperatriz, Porto Franco, Barra do Corda e Tocantinópolis. 

Dilma Rousseff e Comando de Libertação  Nacional – COLINA
Os dissidentes  que optaram pela luta armada reuniram-se em torno da nova organização. Entre esses dissidentes estava Dilma. Continuando sua capacitação política, um dos seus doutrinadores foi Apolo Heringer Lisboa, dirigente do Colina. Ele lhe ministrara aulas de marxismo, quando Dilma ainda era secundarista. No meio subversivo conheceu  o jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que também optara pela luta armada. Galeno serviu  ao Exército por  três anos e também militou na POLOP. Atuou ativamente na sublevação dos marinheiros. Esteve preso  por cinco meses na Ilha das Cobras, durante a  Contra Revolução. Depois disso, obteve Habeas Corpus, foi solto  e voltou a Belo Horizonte, onde foi trabalhar no jornal Ultima Hora, tendo como chefe Guido Rocha, um dos principais líderes da POLOP, que Galeno conhecera quando ambos estiveram presos.
Dilma e Galeno casaram-se um ano depois. Firmava-se a Dilma guerrilheira, correndo da polícia, fazendo passeata para apoiar os operários em greve em Contagem e enfrentando a polícia.
A dupla prometia. Galeno, em entrevista à revista Piauí, declarou que aprendera a fabricar bombas na farmácia de seu pai. Ela tinha tarefas específicas no COLINA: a confecção do Jornal O Piquete, a preparação das aulas de marxismo,  absorvidas na doutrinação do dirigente do COLINA, Apolo Hering. Tinha também aulas sobre armamentos, tiro ao alvo e explosivos. Grande parte dessas aulas era ministrada nos arredores de Belo Horizonte pelo ex-sargento da Aeronáutica João Lucas Alves.
Além de dar instruções de técnicas de guerrilha à Dilma, Galeno, em entrevista à Revista Piauí, demonstra mais que uma relação de militância  com João Lucas Alves. Demonstra que era  seu apoio logístico, quando declara: "O João Lucas ficava hospedado em nossa casa".

João Lucas Alves foi um dos executores do major do exército alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen, em 01/07/68. O crime ficou sem autoria declarada a até bem poucos anos.  Foi preciso Jacob Gorender, também militante da luta armada – PCBR - , em seu livro Combate nas Trevas, publicar um segredo guardado a sete chaves: a organização responsável por este assassinato foi o COLINA , e o nome de dois dos três autores do crime.

Dilma e Galeno viviam  perigosamente, rodeados de gente que, como eles, não pretendia, como motivação principal, derrubar o governo militar, mas instalar um regime marxista-leninista, como pregavam os estatutos da organização na qual militavam ativamente. Seu apartamento era  visitado pela cúpula do COLINA. Derrubar o regime militar era o pretexto para atrair militantes para a causa principal -  instalar uma ditadura  nos moldes de Cuba -, que, para ser melhor aceita, era rotulada de regime socialista. Para isso, faziam treinamentos práticos e de capacitação política. 
Embora o COLINA tivesse conseguido recrutar adeptos em Porto Alegre, Goiânia e Brasília, nunca deixou de ser uma organização política militar tipicamente mineira, com um núcleo na Guanabara – RJ -, onde havia recrutado um grupo de ex-militares. De acordo com Jacob Gorender, autor do livro "Combate nas trevas", o COLINA já aderira à luta armada em 1968 e pregava  a prática do terrorismo.

Dentre as ações do COLINA , em 1968, podem ser destacadas:
- Em 28 de agosto, assalto ao Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, agência Pedro II , em Belo Horizonte;
- Em 4 de outubro, assalto ao Banco do Brasil, na cidade industrial de Contagem, em MG;
- Em 18 de outubro, dois atentados a bomba em Belo Horizonte, nas residências do Delegado Regional do Trabalho e do Interventor dos Sindicatos dos Bancários e dos Metalúrgicos;
- Em 25 de outubro, no Rio de Janeiro, Fausto Machado Freire e Murilo Pinto da Silva assassinaram Wenceslau Ramalho Leite, com quatro tiros de pistola Luger 9mm, quando lhe roubaram o carro; e
- Em 29 de outubro, assalto ao Banco Ultramarino, agência de Copacabana, no Rio de Janeiro.

A Organização de Dilma tinha algumas armas, algum dinheiro e algumas dezenas de militantes dispostos a tudo.