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quinta-feira, 28 de julho de 2016
segunda-feira, 23 de maio de 2016
TERRORISMO, AGITADORES PROFISSIONAIS E ASSALTOS - Mais mortos... (18, 19 e 20)
18 - 24/10/68 - Luiz Carlos Augusto - civil
- RJ
Morto, com 1 tiro, durante uma passeata
estudantil. O rapaz trabalhava em um escritório que administrava uma marcenaria. A passeata dos estudantes ia passando e destruindo as lojas que não fechassem. A polícia chegava para reprimir a bagunça dando tiros para o alto. Muitos agitadores profissionais também davam tiros. Um destes tiros matou Luiz Carlos Augusto.
Época de muitos movimentos estudantis infernizando a vida nas capitais. Terrorismo, sequestros, assaltos a cidadãos e a bancos. A crise de segurança era grande. Naquele tempo, a polícia não tinha escudo, equipamentos de proteção, balas de borracha, gás de pimenta... Nada disso. Era o cacetete de madeira, a pistola e um capacete (nada de coletes à prova de balas também).
A situação era tensa. Políticos, empresários e militares tentavam resolver o problema. O terrorismo e a agitação da esquerda não paravam.
Costa e Silva instala a primeira Comissão de Direitos da Pessoa Humana, das Nações Unidas, no Brasil.
Assaltos matam mais dois cidadãos:
19 - 25/10/68 - Wenceslau Ramalho Leite -
civil - RJ
Morto, com 4 tiros de pistola Luger 9mm,
durante o roubo de seu carro, na avenida 28 de Setembro, Vila Isabel, RJ. Autores:
Murilo Pinto da Silva
(Cesar ou Miranda) e Fausto
Machado Freire(Ruivo ou Wilson) ambos integrantes da Organização
Terrorista COLINA(Comando de Libertação Nacional).
20 - 07/11/68 - Estanislau Ignácio Correia
- Civil - SP
Morto pelos terroristas Ioshitame Fugimore, Oswaldo Antônio dos Santos e Pedro
Lobo Oliveira, todos integrantes da Vanguarda Popular
Revolucionária(VPR), quando roubavam seu automóvel na esquina das ruas Carlos
Norberto Souza Aranha e Jaime Fonseca Rodrigues, em São Paulo.
domingo, 8 de maio de 2016
MAIS 3 ASSASSINATOS PRATICADOS POR TERRORISTAS COMUNISTAS (15, 16 e 17). UM DELES, O DE UM PAI, NA FRENTE DA ESPOSA E DOS FILHOS! Vejam a crueldade desta gente!
15 - 07/09/68 - Eduardo Custódio de Souza -
Soldado PM – SP
Morto, com sete tiros, por terroristas de
uma organização não identificada quando de sentinela no DEOPS, em São Paulo.
16 - 20/09/68 - Antônio Carlos Jeffery - Soldado
PM – SP
Morto a tiros quando de sentinela no
quartel da então Força Pública de São Paulo (atual PM) no Barro Branco.
Organização terrorista que praticou o assassinato: Vanguarda Popular
Revolucionária. Assassinos: Pedro Lobo de Oliveira; Onofre Pinto; Diógenes José
Carvalho de Oliveira, atualmente conhecido como o Diógenes do PT, ex-auxiliar
de Olívio Dutra no Governo do RS.
Herói na guerra com o Vietnã, veio ao
Brasil para fazer o Curso de Sociologia e Política, na Fundação Álvares
Penteado, em São Paulo/SP. No início de outubro de 68, um "Tribunal
Revolucionário", composto pelos dirigentes da VPR (Vanguarda Popular
Revolucionária), Onofre Pinto
(Augusto, Ribeiro, Ari), João
Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) e Ladislas Dowbor (Jamil), condenou o capitão Chandler
à morte, porque ele "seria um agente da CIA". Os levantamentos da rotina
de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O capitão Chandler
quando retirava seu carro da garagem para seguir para a Faculdade, foi
assassinado, friamente, com 14 tiros de metralhadora e vários tiros de
revólver, na frente da sua esposa Joan e de seus 3 filhos. O grupo de execução
era constituído pelos terroristas Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio), Diógenes José de Carvalho Oliveira
(Luis, Leonardo, Pedro) e Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito).
Por que mataram meu pai?
Escrito por jo.ustra
23 Maio 2013
Entrevista com o filho do Capitão Charles Rodney Chandler
Morando na Flórida, pai de três filhos, bancário, Todd Chandler
concedeu entrevista a ZH sobre o assassinato do Capitão do Exército
americano Charles Chandler, em São Paulo, há 37 anos:
Zero Hora - O que o senhor
lembra do crime?
Todd Chandler - Lembro
os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos
momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no
carro.
ZH - Como sua família
enfrentou a tragédia?
Todd - Voltamos para os
Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou
profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.
ZH - Como o senhor superou a morte do pai?
Todd - Nunca superei. Na
medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os
participantes dele, fiquei com
muita raiva. Se acontecesse hoje, as consequências seriam drasticamente
diferentes.
ZH - Como é a imagem de Chandler no seu país?
Todd - O mais surpreendente
é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato
acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.
ZH - Como o senhor cultiva a memória de seu
pai?
Todd - Vejo ele todos os dias.
As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento
imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.
ZH - Como era o seu pai, a
carreira militar dele?
Todd - Meu pai nasceu e foi criado numa cidade
muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram
considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da
agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda
para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e
serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.
ZH - Qual era a missão do seu
pai no Brasil?
Todd - Não havia missão alguma.
Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que
estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a
mínima ideia de por que ele foi o alvo.
ZH - Como o senhor se sente ?
Todd - Sei que as coisas eram
diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: "por
quê"? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha
família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem
razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes. Charles Rodney
Chandler"
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No início de outubro/68, um "Tribunal
Revolucionário" condenou o capitão Chandler à morte, porque ele
"seria um agente da CIA". O "tribunal vermelho"
era composto pelos dirigentes da VPR - Vanguarda Popular Revolucionária:
Pedro Lobo de Oliveira
Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari)
João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco)
Ladislas Dowbor (Jamil)
Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram
realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O grupo de
execução era constituído pelos terroristas:
Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio);
Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo,
Pedro);
Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito)
Abaixo, o depoimento de Pedro Lobo de Oliveira, assumindo e detalhando o crime, transcrito do livro A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio Caso /Prêmio Testemunho 1973 da Casa de Las Américas/ Cuba- Moraes Editora - ed.1976 - Lisboa/ Portugal).
“Chandler cruzou o portão e ganhou a calçada, ainda em
marcha atrás. Antes que a carrinha (sic) alcançasse a rua, coloquei o Volks
de tal modo que bloqueava a passagem do veículo de Chandler pela sua parte traseira, impedindo-o de continuar
a marcha. Nesse instante um dos meus companheiros saltou do Volks, revólver
na mão, e disparou contra Chandler.
Quando soaram os primeiros disparos, Chandler deixou-se cair
rapidamente para o lado esquerdo do banco. Evidentemente estava ferido.
Mas eu, que estava extremamente atento a todos os seus movimentos, percebi que ele não tombara
somente em consequência
das feridas. Foi um ato instintivo de defesa, porquanto se moveu com muita
rapidez.
Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a metralhadora INA e deferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando - Chandler já estava morto...”
Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a metralhadora INA e deferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando - Chandler já estava morto...”
“... Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu
uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava
morto. Nesse momento eu lançava à rua os impressos que esclareciam ao povo
brasileiro das nossas razões para eliminar Charles Chandler...” Os folhetos concluíam com as
seguintes consignas:
“O DEVER DE TODO O REVOLUCIONÁRIO É FAZER A
REVOLUÇÃO! CRIAR DOIS, TRÊS, MUITOS VIETNAMES...”
“Consideramos desnecessária cobertura armada para aquela ação.
Tratava-se de uma ação simples. Três combatentes revolucionários decididos são suficientes para realizar uma ação de justiçamento
nessas condições. Considerado o nível em que se encontrava a repressão,
naquela altura, entendemos que não era necessária a cobertura armada.”
Era essa a forma usada pelos criminosos da esquerda
revolucionária para desestabilizar o regime militar e tomarem o poder,
implantando uma ditadura do proletariado. Assassinar com crueldade era o dia-a-dia
desses sanguinários combatentes do marxismo-leninismo.
Todos esses criminosos foram indenizados com vultosas
quantias e são considerados como "heróis que lutavam pela
democracia".
Na história oficial , que a
Comissão da Verdade apresenta à sociedade, os crimes praticados por esses
e outros terroristas
serão varridos para baixo dos tapetes vermelhos
dos órgãos do governo. "O Direito à Memória e a verdade",
prometido à sociedade, será apresentar os agentes do
Estado, que lutaram para que eles não implantassem uma ditadura
comunista, como torturadores e assassinos desses "heróís".
HOJE:
Diógenes José de Carvalho Oliveira, também
conhecido como Diógenes do PT, na década de 90 ingressou nos quadros do PT/RS,
sempre assessorando seus líderes mais influentes. Diógenes foi o Presidente do
Clube de Seguros da Cidadania de Porto Alegre, órgão encarregado de coletar
fundos para o PT.
João Carlos Kfouri Quartin de Morais é,
atualmente Professor Titular de Filosofia e Ciências da UNICAMP e,
Ladislas Dowbor Professor Titular de
Economia da PUC/SP e trabalha no Instituto de Economia da UNICAMP. Saiba mais
em Recordando a História/Justiçamentos
Fontes:
- GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas - Editora Ática.
- Projeto Orvil.
- CASO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 -
Moraes Editores.
terça-feira, 3 de maio de 2016
Mataram um major do Exército alemão. Mataram por engano. Só foram descobertos depois da Anistia. Não se arrependeram. (14)
01/07/68 - Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen - Major
do Exército Alemão - RJ
Morto no Rio de Janeiro, onde fazia o Curso
da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Assassinado na Rua Engenheiro
Duarte, na Gávea, por ter sido confundido com o major boliviano Gary Prado, suposto
matador de Che Guevara, que também cursava a mesma escola. Autores: Severino Viana Callou, João Lucas
Alves e o agrônomo José
Roberto Monteiro (este, o militante que nunca havia sido identificado,
mas que confessou o assassinato, em outubro de 2007, numa entrevista ao
Estadão) - todos da organização terrorista denominada COLINA - Comando de
Libertação Nacional.
MORTE POR ENGANO
"A Verdade Sufocada - A história que a
esquerda não quer que o Brasil conheça" - Carlos Alberto Brilhante Ustra
Em 1968, o capitão do exército boliviano
Gary Prado fazia o Curso de Estado-Maior, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
Ele ficara conhecido internacionalmente como o oficial que teria participado da
perseguição e morte, nas matas da Bolívia, do guerrilheiro Che Guevara.
Sabedoras de sua presença no Rio de
Janeiro, organizações terroristas se inquietaram. O “Tribunal Revolucionário”
foi convocado e o oficial boliviano condenado à morte.
Para que a ação tivesse êxito, o
levantamento dos hábitos da vida da vítima começou a ser feito nas saídas da
Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), seguindo-se o oficial até à sua
residência, na Gávea, bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhecido o trajeto e
escolhido o melhor local para o assassinato, partiram os carrascos para
executar a sentença.
No dia 1º de julho de 1968, João Lucas
Alves, Severino Viana Collon e José Roberto Monteiro, todos do Comando de
Libertação Nacional (COLINA), ficaram à espreita, em um Fusca, na Rua
Engenheiro Duarte, na Gávea. Ao avistarem o oficial, executaram-no, fria e
covardemente, com dez tiros. Depois de verificarem que o militar estava morto,
levaram sua pasta para simular um assalto.
Mais tarde, ao abrirem a pasta, verificando
os documentos do “justiçado”, constataram o terrível engano. Gary Prado fora
salvo por um levantamento malfeito. Desconheciam os uniformes. Em seu lugar,
haviam assassinado o major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von
Westernahagen, colega de Gary Prado no Curso de Estado-Maior.
Para as autoridades policiais da época o
crime teria sido cometido por assaltantes ou até por supostos caçadores de
nazistas.
O
TERCEIRO MILITANTE ASSASSINO
Terça-feira, 9 de
outubro de 2007,
Brasileiro
lamenta não ter sido o 'vingador de Che'
Amílcar Baiardi
conta como foi errar o tiro contra o assassino do revolucionário, 40 anos
após a sua morte
Lucas Pretti, do estadao.com.br
Baiardi e os companheiros mataram um
militar alemão no lugar de Gary Prado
SALVADOR - O sonho desse intelectual
baiano de 66 anos era ter escrito a carta até o fim: "Um ano e pouco
depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o
mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Em 1968, o jovem Amílcar
Baiardi fez parte do grupo de brasileiros que tentou matar Gary Prado, o
militar boliviano que capturara Ernesto Guevara de la Serna um ano antes, em
8 de outubro de 1967, 40 anos atrás. Mas o tiro atingiu o peito errado - e
Baiardi participou de um dos principais erros históricos da esquerda
brasileira. A frustração o persegue quatro décadas depois. "Seria muito
reconfortante ter matado Gary", diz em entrevista exclusiva ao
estadao.com.br.
Intelectual e profundo conhecedor das
táticas de guerrilha rural, Baiardi foi o responsável por redigir o
comunicado oficial do Comando de Libertação Nacional (Colina) sobre a morte
de Gary Prado à imprensa. Esperou pelos três "companheiros" quase
uma hora num "aparelho" clandestino no bairro do Botafogo, no Rio
de Janeiro. Quando chegaram, com a missão cumprida e uma pasta supostamente
do militar boliviano, perceberam que algo estava errado. Documentos em
alemão. Haviam matado Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen,
major do Exército alemão.
Baiardi amassou e destruiu imediatamente
o rascunho da carta. Firmou com João Lucas Alves, Severino Viana e José
Roberto Monteiro (os três companheiros) um pacto de silêncio que durou até
1988. Apenas ele sobreviveu à ditadura.
O hoje professor da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1997
e ex-guerrilheiro recebeu o estadao.com.br em seu apartamento, em Salvador,
para contar a história. E falar de Che, o "visionário romântico".
Você tem formação em guerrilha rural, chegou
a organizar o primeiro exército de guerrilheiros rurais no Maranhão. Como foi
parar em uma ação urbana no meio do Rio de Janeiro?
Eu não estava no grupo tático do Colina
que organizou o atentado a Gary Prado. Mas como sabiam que eu tinha
experiência e uma cultura mais geral do que era o movimento de libertação na
América Latina, me pediram para redigir a mensagem ao povo brasileiro
comunicando a vingança de Che Guevara. Tanto que no aparelho tinha uma
máquina de escrever e eu já estava preparando o que seria a mensagem.
Esse papel ainda existe?
Não, não... Fiz um manuscrito que depois
embolei e destruí lá mesmo. A mensagem seria assim: "Um ano e pouco
depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o
mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Imaginava que teria uns
quatro a cinco parágrafos. Terminaríamos com a exortação dos revolucionários
no Brasil para a construção de uma frente guerrilheira única. Era um discurso
nessa direção. Deixaríamos a mensagem numa caixa de correio e avisaríamos os
jornais. Seria uma bomba jornalística, era a idéia.
Você foi o mentor do atentado?
Não, fui convocado pelo Colina. Tinha uma
relação muito próxima com dois dos companheiros. Um paulista agrônomo, José
Roberto Monteiro, que trabalhou comigo no Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra). O outro era João Lucas Alves. Ficamos muito ligados
em decorrência do material sobre guerrilha que eu havia trazido da Colômbia.
Ele que me ligou e disse: "Venha para o Rio de Janeiro que temos uma
ação para você, uma ação de impacto que vai projetar nossa organização".
As táticas usadas pelo Colina eram as
mesmas de organizações mais reconhecidas na época como a Ação Libertadora
Nacional (ALN), de Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionária
(VPR), de Carlos Lamarca?
Sim. Tínhamos uma infinidade de medidas
de segurança. Tanto que cheguei vendado ao que se chamava de aparelho, creio
que em Botafogo, não sei direito até hoje. Como combinado, num determinado
local, num certo dia, o João Lucas me pegou, me deu a venda e eu entrei num
apartamento. Foi aí que soube: "Nós vamos vingar o Che". Foi feito
o levantamento do Gary Prado, a imprensa tinha noticiado que ele tinha ido ao
Rio para cursar a Escola Superior do Estado-Maior, na Praia Vermelha.
Cheguei, tinha lá um sanduíche, uma máquina de escrever. Era um aparelho
típico. Pouca mobília, algumas armas, e ele me disse que chegaria, dentro de
40 minutos, com esta notícia: a comprovação de que o Gary Prado tinha sido
executado.
Como descobriram o engano?
Eles voltaram com uma pasta. Quando
abrimos, só tinha documentos em alemão, um passaporte em alemão. Aí não se
teve mais dúvida de que se tinha cometido um erro histórico. Nossa fonte de
informação era um soldado infiltrado no Exército e havia uma coincidência
enorme. Fisicamente, Gary e o alemão eram parecidos, magros, altos, mesma cor
de pele, não usavam óculos. Então fizemos um pacto: "Nunca ninguém vai
saber disso, nem mesmo nossos companheiros da organização". Não abrimos
em hipótese alguma, mesmo presos e sob tortura, porque isso comprometeria a
organização. Mas aconteceu um fato curioso. O Gary Prado entendeu a mensagem.
Uma semana depois ele desapareceu do Rio, suspeitando que seria o alvo.( ...)
Para finalizar. Você gostaria de ter
matado Gary Prado? Queria ter dormido com essa?
Queria. Claro. Seria muito reconfortante.
Mas hoje, fazendo a análise contra factual, é curioso ver que Gary Prado joga
a favor da redemocratização da Bolívia, um papel positivo na História. Isso
só mostra que não devemos ser maniqueístas, dizer que todos que estão de um
lado são ruins ou bons. Mostra que as pessoas podem mudar. People change.
|
SOBRE
O COLINA E DILMA ROUSSEFF
A primeira organização que encantou a adolescente Dilma Rousseff
foi a Política Operária – POLOP.
A POLOP teve origem no Partido Socialista Brasileiro, e foi
fundada em 1961. Seus militantes já agiam muito antes da Contra
Revolução de 1964. Em 12 de março de 1963, apoiou e orientou a subversão dos
sargentos em Brasília. Nessa rebelião, 600 militares, entre cabos,
sargentos e suboficiais da Marinha e da Aeronáutica, foram apoiados pelo
dirigente da POLOP, Juarez Guimarães de Brito, que se deslocou do Rio de
Janeiro para Brasília. A cidade foi ocupada pelos rebeldes. Dominada a
rebelião duas pessoas estavam mortas: o soldado Divino Dias dos Santos e o
motorista civil Francisco Moraes.
Ainda nessa época, a POLOP concitou o PCB, através de uma
"Carta Aberta", a romper com o reformismo e com o governo de João
Goulart.
Logo após, a Política Operária passou por uma
fase de muita polêmica quanto às linhas de ação a serem seguidas para
decidir o melhor método para implantação do comunismo no Brasil. Uma ala
defendia a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte e outra
dava prioridade à luta armada.
Dilma e a luta armada
Peter Rousév era um advogado russo, filiado ao Partido
Comunista Búlgaro, que, no Brasil, mudou seu nome para Pedro Rousseff e
fixou-se em Belo Horizonte, onde ganhou dinheiro com obras na
Siderúrgica Mannesmann. Em Minas casou e teve três filhos: Dilma
e dois irmãos que tinham uma vida de família de classe média alta, eram
atendidos por três empregadas e moravam em uma casa
espaçosa. Dilma estudou no Sion , colégio de classe média
alta.
Em 1965, com 17 anos, matriculou-se na Escola Estadual
Central, um centro de agitação do movimento estudantil secundarista, e
começou sua doutrinação. Dois anos depois militava na POLOP,
influenciada, entre outros movimentos, pelo livro que incendiou o mundo -
Revolução da Revolução, de Régis Debray, que difundia a teoria do
foquismo" (a guerrilha de pequenos grupos - os focos), para
expropriar e terminar com a burguesia.
Em abril de 1968, os militantes da POLOP, de
Minas Gerais e da Guanabara, e do Movimento Nacional Revolucionário - MNR -
de Brizola se reuniram e entabularam negociações para a criação de uma
nova organização político militar. Ao mesmo tempo, o pessoal da
POLOP/GB realizou uma Conferência, na qual foi aprovado o documento "Concepção da Luta Revolucionária", onde ficou praticamente aprovada a linha política da futura Organização Político Militar - OPM. O documento definiu a revolução brasileira como sendo de caráter
socialista e o caminho a seguir o da luta armada, através do foco
guerrilheiro, visto como "a única forma que poderá assumir, agora, a
luta armada revolucionária do povo brasileiro". Dilma, aos 20 anos,
inclinou-se para a luta armada e juntou-se ao grupo que optou pela
violência.
O processo para a tomada do poder
iniciar-se-ia com a criação de um pequeno núcleo rural: o foco, que, através
do desencadeamento da luta armada no campo, cresceria e se multiplicaria com
a conscientização das massas, até a constituição de um Exército Popular de Libertação. As cidades eram vistas como fontes para o
apoio logístico e a guerrilha urbana nelas desencadeadas serviria para manter
ocupadas as forças legais. Os atos de terrorismo e sabotagem deveriam
obedecer a um rígido critério político, estabelecido pelo comando da OPM.
Criação do Comando de Libertação Nacional - COLINA
Em julho de 1968, esses dissidentes da POLOP
realizaram um Congresso Nacional num sítio em Contagem, Minas Gerais no qual
foi criado o Comando de Libertação Nacional – COLINA -, com o seu Comando
Nacional – CN - integrado por Ângelo Pezzuti da Silva e Carlos Alberto Soares
de Freitas, em Minas Gerais, e Juarez Guimaraes de Brito e Maria do Carmo
Brito, na Guanabara.
Diretamente ligado ao Comando Nacional - CN
-, foi criado:
Setor Estratégico, subdividido em:
a- Comando Urbano - constituído
pelo Setor Operário e Estudantil. Esse setor era o responsável pelo trabalho de massa nas
fábricas, empresas, sindicatos, faculdades, etc. Esse trabalho era executado
pelas células, por meio das atividades de recrutamento e de agitação e
propaganda. O setor editava o jornal "O Piquete".
b- Comando militar - composto
pelos Setores de Levantamento de Áreas; Inteligência; Expropriação;
Terrorismo e Sabotagem; e Logistico.
A partir de setembro de 1968 o Setor de Levantamento de Áreas deu início a uma série de viagens pelo interior do país, a fim de selecionar as regiões mais favoráveis à instalação de guerrilhas. Após estudar mais de sete estados, o COLINA decidiu-se, em junho do ano seguinte, por uma região de mais de 100 mil km2, englobando diversos municípios do Maranhão e de Goiás - Imperatriz, Porto Franco, Barra do Corda e Tocantinópolis.
Dilma Rousseff e Comando de Libertação Nacional – COLINA
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sexta-feira, 29 de abril de 2016
Sobre os comentários do jurista Miguel Reale Jr. a respeito do Coronel Ustra
"Estou sendo julgado numa Vara Cível, por um suposto crime cometido
em dependência do Exército e na qualidade de seu Comandante. Estou sendo
julgado, apesar da Lei da Anistia, que penso muito em breve será revogada, mas
que ainda está em vigor. Estou sendo julgado em uma Vara Cível apesar de jamais
ter sido condenado criminalmente. Estou sendo julgado por um crime que não
cometi." Cel. Brilhante Ustra
Durante a exposição dos argumentos para o impeachment de Dilma Roussef
em sessão do Senado, nesta quinta-feira, 28 de abril de 2016, o jurista Miguel
Reale Jr. fez questão de frisar que sentia muito que o processo de impeachment
tivesse, em seu percurso legal, servido para enaltecer 'torturadores' como o
Cel. Brilhante Ustra que, segundo o jurista, já havia sido reconhecido como tal
pela justiça. Reale ainda aproveitou para enaltecer sua amiga Crimeia (e
família), autora da ação que 'codenou' Ustra.
Vale dizer que houve irregularidades no processo que 'condenou' Ustra,
em primeira instância. Recurso foi apresentado ao STF, ainda não julgado:
Em 2008, por decisão em primeira instância do juiz Gustavo Santini
Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, o coronel Ustra tornou-se o primeiro
oficial condenado em ação declaratória por sequestro e tortura. Publicada em 9
de outubro de 2008, a sentença é o julgamento, em primeira instância, ao
requerimento de dois ex-guerrilheiros e seus filhos Janaína de Almeida Teles,
Edson Luis de Almeida Teles, César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles
e uma quinta pessoa, Criméia Alice Schmidt de Almeida, que acusaram Ustra de
sequestro e de tortura em 1972 e 1973, requerendo à Justiça que, através de uma
ação declaratória, ele fosse reconhecido como torturador. Na sentença, ficou
reconhecido que o militar, na qualidade de chefe de operações do DOI-CODI de
São Paulo, deveria saber que naquele lugar eram feitas sessões de
interrogatório. O advogado do coronel Ustra, Paulo Alves de Souza, continuou
afirmando que os ex-guerrilheiros, autores da ação, mentiam e anunciou que
recorreria da decisão. Em agosto de 2012, o TJ-SP rejeitou o recurso de Ustra,
confirmando a sentença anterior que o declarara torturador. Seu advogado
recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). O coronel Ustra faleceu antes que o processo tivesse seu julgamento final.
Querem saber o que aconteceu? Leiam a matéria baixo.
Retirado do livro "A Verdade
Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça"
Por Carlos Alberto Brilhante Ustra
Leiam com atenção e notem as contradições existentes
Por Carlos Alberto Brilhante Ustra
Leiam com atenção e notem as contradições existentes
A vingança dos derrotados
12
Outubro 2008
Como acontece em todos os movimentos
onde os comunistas são derrotados, eles iniciam a sua volta lutando pela
anistia, que, uma vez conquistada, lhes permite viver usando as liberdades
democráticas que queriam destruir. Posteriormente, começam uma virulenta
campanha para denegrir os que os combateram, posam de vítimas e de heróis e
fazem da mentira e da calúnia o seu discurso. Não descansam enquanto não
conseguem, por revanchismo, colocar na prisão aqueles que os combateram e
derrotaram. Para isso, mudam as leis e até a própria Constituição, o que é
feito com a corrupção do Legislativo e com o apoio de simpatizantes, escolhidos
a dedo, para as mais altas funções do Judiciário.
Ao final de dezembro de 1972 o DOI de
São Paulo estava preocupado com o trânsito de guerrilheiros que, da capital
paulista, eram encaminhados para a área de guerrilha do Araguaia, onde
pretendiam estabelecer uma área liberada, semelhante a ocupada, até os dias de
hoje, na Colômbia, pelas FARC.
Durante essas investigações a gráfica
clandestina do PCdoB foi localizada e “estourada”. Os responsáveis por esse
“aparelho de imprensa” eram Maria Amélia Teles e seu marido César Augusto
Teles. Na ocasião, estavam com eles os dois filhos do casal - Janaína, de 5
anos, e Edson Luis, de 4 anos.
Era contato freqüente do casal,
Carlos Nicolau Danielli, membro do Comitê Central do PCdoB, que fizera curso de
Guerrilha em Cuba e tinha estreitas ligações com o casal e, principalmente, com
Maria Amélia. Toda a matéria que a imprensa clandestina do Partido publicava
tinha que ter sua aprovação.
No aparelho, homiziada, encontrava-se
Criméia Schimidt de Almeida, irmã de Maria Amélia, que na ocasião se fazia
passar por babá das crianças. Criméia era militante do PCdoB e integrava o
“Destacamento A” na Guerrilha do Araguaia. Seu marido, André Grabois, era filho
de Mauricio Grabois, o comandante dos guerrilheiros naquela região. Uma das
normas da guerrilha era a proibição de que as guerrilheiras engravidassem. As
guerrilheiras grávidas eram obrigadas a abortar e, caso não consentissem com o
aborto, seriam “justiçadas”.
Por medida de segurança ninguém
estava autorizado a sair da área de guerrilha, pois, caso fossem presos,
poderiam indicar o local ocupado pelos guerrilheiros, bem como dar informações
sobre as particularidades da guerrilha. Essa era uma norma seguida a risco.
Criméia, no entanto, engravidou e, em
agosto de 1972, por estar com 3 meses de gravidez, contrariando todas as
determinações existentes, foi retirada da área de guerrilha por determinação do
comandante Maurício Grabois, futuro avô da criança. Criméia foi poupada. Era
nora do comandante.
Quando a gráfica foi “estourada”
Maria Amélia, César Augusto e Criméia foram presos. As crianças, como não
poderiam continuar sozinhas no local, foram encaminhadas ao DOI. As
máquinas de impressão e as armas existentes no "aparelho"
foram apreendidas.
Ao chegarem, entrevistei o casal e
lhes disse que as crianças não poderiam permanecer naquele local. Perguntei se
tinham algum parente em São Paulo que pudesse se responsabilizar por elas.
Responderam que as crianças tinham tios em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro,
não me recordo qual o local. Pedi o telefone deles para avisá-los do que
acontecia e indagar se poderiam vir a São Paulo para receberem os dois filhos
do casal. Feito o contato, esses familiares pediram alguns dias de prazo para
viajar à capital paulista. Decidi que, enquanto aguardávamos a chegada dos
tios, as crianças permaneceriam sob o cuidado do Juizado de Menores.
Nesse momento, Maria Amélia e César
Augusto pediram para que seus filhos não fossem para o Juizado. Uma policial
militar, que assistia ao diálogo, se ofereceu para ficar com Janaína e Edson
Luis até a chegada de seus tios, desde que os pais concordassem com o
oferecimento, o que foi aceito na hora pelo casal.
Movido mais pelo coração do que pela
razão, achei que essa era a melhor solução. As crianças foram levadas para a
casa da agente e para que não sentissem a falta dos pais, diariamente, eram
conduzidas ao DOI para ficar algum tempo, aproximadamente duas horas, com eles.
Isso se repetiu até a vinda dos parentes. Quando chegaram, Janaína e Edson Luis
foram entregues aos seus tios, na presença dos pais.
No 7º mês de gravidez Criméia foi
presa, em 28/12/1972, pelo DOI/ CODI/IIEx, onde permaneceu por 24 dias, até ser
encaminhada para Brasília, que era a área encarregada de combater a Guerrilha
do Araguaia.
Seu filho, João Carlos Schimidt de
Almeida Grabois, atualmente com 34 anos, nasceu no Hospital do Exército de
Brasília, em 13/02/1973. Em 2005 foi indenizado porque estava no útero de sua
mãe quando ela foi presa, segundo consta na sentença.
O tempo passou e em 1985, Maria
Amélia declarou aos editores do livro Brasil Nunca Mais, o seguinte:
“Na tarde desse dia (28 de dezembro de 1972), por volta das 7 horas, foram
trazidos, seqüestrados, também para a OBAN, meus dois filhos, Janaína
de Almeida Teles, de 5 anos, e Edson Luiz de Almeida Teles, de 4 anos, quando
fomos mostrados com as vestes rasgadas, sujos, pálidos, cobertos de hematomas.
Sofremos ameaças por algumas horas de que nossos filhos seriam molestados.”
Em 31/01/1997, segundo depoimento de
Janaína à Rose Spina, em matéria sob o título Memória: Filhos da Resistência,
publicado no Portal da Fundação Perseu Abramo consta:
"Posteriormente foram levados, no
mesmo Opala azul, para Belo Horizonte, onde vivia boa parte da família, pessoas
que estavam longe de aprovar a opção feita por César e Amelinha. Os dois irmãos
ficaram aos cuidados de uma tia e de seu marido, um delegado de polícia com
relações com o DOPS."
Janaína assim se refere aos tios que,
a pedido de seus pais, foram a São Paulo apanhá-la, junto com seu irmão, e os
acolheram em sua casa:
“Esse infeliz disse que meus pais
tinham me abandonado e minha tia me fez sua empregada, me fazia dar mamadeira
para meus primos, de 3, 4 e 6 anos, praticamente de minha idade”.
Em depoimento de Maria Amélia,
publicado no site http://emilianojose.com.br ela
assim se refere a esses mesmos tios:
“Ficaram na casa de uma policial
por um dia e depois foram mandados pra casa de um outro policial
parente do pai das crianças... ( O que confirma o que é declarado por mim) Ali as crianças sofreram toda a sorte
de privações e humilhações. Eram insultadas por serem filhos de “comunistas”,
etc. Qualquer desobediência, por parte das crianças, diziam que eram assim
porque tinham sido doutrinados pelos pais”
Em 30/10/2005 o jornal “O Globo”, em
matéria assinada pelo jornalista Evandro Éboli, publicou:
“Crianças e adolescentes filhos de
comunistas também sofreram privações, foram presos, perseguidos, torturados,
exilados e eram obrigados, como seus pais, a trocar de identidade para fugir do
cerco dos militares. A história dos anos da ditadura mantém quase oculto o que
se passou com eles. Mas não era incomum os militares prenderem crianças
junto com os pais. Os filhos eram usados durante as sessões de tortura e
obrigados assistir essas atrocidades. Era o meio de arrancar confissões dos
comunistas”.
“Presa pela Operação Bandeirante
(Oban) em dezembro de 1972, em São Paulo, a militante do Partido Comunista
Maria Amélia Almeida Teles viu seus dois filhos serem levados também pelos
militares. Janaína, com 4 anos, e Edson Luiz, com 5 anos, foram parar numa casa
cercada de militares, onde ficaram trancados num quarto. Com
freqüência, eram levados à cela da mãe para vê-la torturada, no DOI-CODI. Janaína
se lembra que os militares diziam que seus pais os abandonaram e que não iriam
voltar para buscá-los”.
“Janaína, 5 anos, e Edson Luiz, 4
anos, ficaram presos por 15 dias. Eram levados ao Departamento de
Ordem Política e Social (Dops) para ver as marcas de torturas na mãe.”
No programa “Fantástico”, da Rede
Globo de TV, de 15/10/2006, Criméia afirmou que mesmo grávida não foi poupada.
Ficou 20 horas em trabalho de parto, na cela, sem qualquer ajuda, até que seu
filho nasceu no Hospital do Exército, já em Brasília.
Nos primeiros dias do mês de abril de
2006, quando a primeira edição do livro A Verdade Sufocada já
estava pronta, recebi do Exmo Sr. Dr Juiz de Direito da 23ª Vara Cível do Foro
de São Paulo uma Ação Declaratória, movida por César Augusto Teles, sua esposa
Maria Amélia Teles, seus filhos Janaína e Edson Luis de Almeida Teles e sua
cunhada Criméia Schmidt de Almeida.
As 46 páginas da Ação Declaratória de
ocorrência de danos morais tinham a finalidade de declarar que eu (RÉU), como
Comandante do DOI/CODI/II Exército, agi com dolo e cometi ato ilícito passível
de reparação, causei danos morais e danos materiais à integridade física dos
AUTORES, incluindo seus dois filhos. Estava sendo acusado dos crimes detortura,
seqüestro, cárcere privado dessas crianças e de tortura de seus pais e de sua
tia Criméia.
Ao receber essa Notificação, deu-me o
Magistrado o prazo de 15 dias para a minha Contestação. Caso isso não
ocorresse, seria declarado culpado.
Procurei um advogado, em São Paulo,
que aceitasse fazer a minha defesa. Logo fui colocado em contato com o Dr
Paulo Esteves, um dos maiores criminalistas de São Paulo, que aceitou fazer a
minha defesa. No dia seguinte, já estava na capital paulista, para que o Dr
Paulo Esteves, nos 5 dias restantes do prazo, apresentasse a minha Contestação.
Em outubro desse ano recebi uma Carta de Intimação para comparecer perante o
Juízo da 23ª Vara Cível, em São Paulo, no dia 08/11/2006, às 14:15 horas, a fim
de participar da audiência de Instrução, Debates e Julgamento.
Por manobras jurídicas não fui
ouvido, em Brasília, por Carta Precatória. Viajei a São Paulo e no dia marcado
estava pronto para ser submetido ao julgamento.
Às 12 horas, encontrava-me no
escritório do meu advogado, quando tomamos conhecimento de um despacho do Juiz
que assim dizia: “Como os autores renunciaram à colheita do
depoimento pessoal do réu, não vê o Juízo fundamento para aplicar o art
342 do CPC. Portanto essa prova não será acolhida”.
Ficou claro! Meus acusadores queriam
a minha presença no Tribunal no dia do julgamento e ao mesmo tempo não queriam
o meu depoimento. Queriam a minha presença para que eu fosse execrado
publicamente, pois o circo estava montado: as TVs já tinham instalado os seus
equipamentos, mais de 90 militantes, organizados, me aguardavam. Cerca de 30
repórteres e fotógrafos, esperavam a minha entrada no Tribunal. Tudo estava
montado para que as TVs exibissem nos seus noticiários da noite e os jornais no
dia seguinte, em manchetes, o coronel torturador, afinal sendo julgado.
Repito! Não queriam o meu depoimento.
Não queriam que o juiz ouvisse a minha versão.
Os leitores foram testemunhas das
chamadas nos telejornais da noite desse dia, onde se sobressaiam as do Jornal Nacional,
da Globo, onde eu era chamado claramente de coronel torturador, apesar de
nenhum tribunal ter me condenado.
Imagino o constrangimento que minhas
filhas devem ter sentido ao verem as fotos de seu pai, mostradas a milhões de
telespectadores, de modo vil e desumano, baseadas, tão somente, em acusações
orquestradas de militantes revanchistas.
Apesar de todos esses dissabores me
sinto tranqüilo. Estaria numa situação extremamente desconfortável se, no meu
lugar, estivesse um antigo subordinado meu. Desde o início da vida militar os
nossos chefes sempre nos ensinaram que “o comandante é o responsável por tudo o que a sua unidade faz ou deixa
de fazer”.
Estou sendo julgado numa Vara Cível,
por um suposto crime cometido em dependência do Exército e na qualidade de seu
Comandante.
Estou sendo julgado, apesar da Lei da
Anistia, que penso muito em breve será revogada, mas que ainda está em vigor.
Estou sendo julgado em uma Vara Cível
apesar de jamais ter sido condenado criminalmente.
Estou sendo julgado por um crime que
não cometi.
Esse processo começou em novembro de
2005, após o filho de Criméia, que nasceu no Hospital Militar de Brasília, ter
sido indenizado e nada tem a ver com publicação, do livro "A Verdade
Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça".
É notório o aumento do número de
“torturados”, de perseguidos políticos e de vítimas dos chamados”anos de
chumbo” após o ano de 2002, quando foi promulgada a Lei das Indenizações.
Além da indenização para seus filhos,
já que os pais e a tia foram indenizados, os autores desse processo buscam um
motivo para colocar aqueles que os combateram no banco dos réus.
Assim aconteceu na Argentina, no
Chile, no Uruguai.
Enquanto assaltantes, seqüestradores,
terroristas, e assassinos permanecem livres sob a justificativa de que “lutavam
pela liberdade” nós que cumprindo ordens de nossos superiores hierárquicos,
lutamos e preservamos a democracia, agora estamos ameaçados de ir para a prisão
por aqueles que combatemos e vencemos.
Julguem os leitores pela fotografia
tirada no Hospital Militar de Brasília, após o parto, onde Criméia aparece com
o filho recém nascido. Reparem as suas roupas, o seu olhar de felicidade junto
com o filho.
Será que essa moça, pela sua
aparência, parece ter sido torturada há pouco tempo?
Reparem nas roupas de seu filho, bem
vestido. Pois o enxoval dessa criança foi comprado pelo Exército, por ordem do
General Antonio Bandeira, comandante da Brigada de Infantaria, em Brasília, onde
Criméia estava presa.
Aliás, esse enxoval foi entregue a
Criméia por D. Léa, esposa do General Bandeira, quando foi visitá-la no
Hospital.
Criméia se refere a essa visita
como sendo da esposa do General Kruel e que segundo ela
se “tornou mais tarde a prova do episódio tenebroso”.
Analisem a fotografia do batizado do
filho de Criméia, feito pelo Capelão Militar. Vejam o semblante dos padrinhos,
familiares de Criméia, Será que o Exército que a “torturou” teria a preocupação
de organizar o batizado ?-
Fotos da Revista ISTOÉ - 04/09/1985
Abaixo trechos extraídos da
setença do juiz Gustavo Santini Teodoro da 23ª Vara Cível do Foro Central (1ª
Instância )
(...)" Entretanto a prova
testemunhal ficou muito vaga quanto aos autores Janaína de Almeida Teles e
Edson Luiz de Almeida Teles, então menores de idade, filhos dos autores
Cesar Augusto e Maria Amélia. Realmente, as testemunhas não viram Janaina e
Edson na prisão. Ninguém soube esclarecer se os então menores realmente viram
os pais com as lesões resultantes das torturas. Nada indica que eles
teriam recebido ameaças de tortura ou sido usados como instrumento de tortura
de seus pais. "(...)
(...) " Julgo procedente o
pedido formulado pelos autores César Augusto Teles, Maria Amélia de
Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida , para declarar que entre eles
e o réu Carlos Alberto Brilhante Ustra existe relação jurídica de
responsabilidade civil, nascida da prática de ato ilícito, gerador de danos
morais. Sucumbente, o réu arcará com custas, despesas processuais e honorários
dos advogados dos autores, fixados estes nos termos do artigo 20, parágrafo 4º
do Código do Processo Civil, em dez mil reais, com atualização monetária
pela tabela prática a partir desta sentença. Julgo improcedente o pedido
formulado pelos autores Janaina de Almeida Teles e Edson Luis de Almeida Teles,
os quais porque sucumbentes, arcarão com custas, despesas processuais e honorários
dos advogados do réu, fixados estes, de acordo com a norma já invvocada em dez
mil reais, com atualização monetária pela tabela prática a partir desta
sentença. P.R.I. São Paulo, 7 de outubro de 2008."
Observação da editora:
Abaixo declarações de Janaína ao
Portal Terra:
"Eu me sinto vitoriosa. Gostaria
que a Justiça tivesse reconhecido também a tortura a mim e ao meu irmão, que
éramos crianças na época. Mas o juiz disse que não há elementos para isso. A
decisão faz com que a gente pense mais. De uma maneira mais séria dos crimes do
passado. Ela traz à família satisfação e alívio", diz Janaína Teles, que
na época tinha cinco anos de idade. O irmão, Cesar Teles, é um ano mais
novo."
Essa declaração é "da boca para
fora". O que eles queriam era que fossem declarados
"torturados" , quando na realidade sabem que a atitude tomada
pelo comandante do DOI evitou que eles fossem recolhidos ao Juizado de
Menores, já que não tinham com quem ficar, quando seus pais e a tia foram
presos. Além do mais, essa ação não é "meramemente
declaratória". É apenas o início de um pedido de indenização financeira e,
provavelmente, da responsabilidade penal do Cel Ustra. Aguardem!...
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