quinta-feira, 28 de julho de 2016

segunda-feira, 23 de maio de 2016

TERRORISMO, AGITADORES PROFISSIONAIS E ASSALTOS - Mais mortos... (18, 19 e 20)

18 - 24/10/68 - Luiz Carlos Augusto - civil - RJ


Morto, com 1 tiro, durante uma passeata estudantil. O rapaz trabalhava em um escritório que administrava uma marcenaria. A passeata dos estudantes ia passando e destruindo as lojas que não fechassem. A polícia chegava para reprimir a bagunça dando tiros para o alto. Muitos agitadores profissionais também davam tiros. Um destes tiros matou Luiz Carlos Augusto.

Época de muitos movimentos estudantis infernizando a vida nas capitais. Terrorismo, sequestros, assaltos a cidadãos e a bancos. A crise de segurança era grande. Naquele tempo, a polícia não tinha escudo, equipamentos de proteção, balas de borracha, gás de pimenta... Nada disso. Era o cacetete de madeira, a pistola e um capacete (nada de coletes à prova de balas também).




A situação era tensa. Políticos, empresários e militares tentavam resolver o problema. O terrorismo e a agitação da esquerda não paravam. 

Costa e Silva instala a primeira Comissão de Direitos da Pessoa Humana, das Nações Unidas, no Brasil.


Assaltos matam mais dois cidadãos:

19 - 25/10/68 - Wenceslau Ramalho Leite - civil - RJ
Morto, com 4 tiros de pistola Luger 9mm, durante o roubo de seu carro, na avenida 28 de Setembro, Vila Isabel, RJ. Autores: Murilo Pinto da Silva (Cesar ou Miranda) e Fausto Machado Freire(Ruivo ou Wilson) ambos integrantes da Organização Terrorista COLINA(Comando de Libertação Nacional).

20 - 07/11/68 - Estanislau Ignácio Correia - Civil - SP
Morto pelos terroristas Ioshitame Fugimore, Oswaldo Antônio dos Santos e Pedro Lobo Oliveira, todos integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária(VPR), quando roubavam seu automóvel na esquina das ruas Carlos Norberto Souza Aranha e Jaime Fonseca Rodrigues, em São Paulo. 

domingo, 8 de maio de 2016

MAIS 3 ASSASSINATOS PRATICADOS POR TERRORISTAS COMUNISTAS (15, 16 e 17). UM DELES, O DE UM PAI, NA FRENTE DA ESPOSA E DOS FILHOS! Vejam a crueldade desta gente!

15 - 07/09/68 - Eduardo Custódio de Souza - Soldado PM – SP
Morto, com sete tiros, por terroristas de uma organização não identificada quando de sentinela no DEOPS, em São Paulo.

16 - 20/09/68 - Antônio Carlos Jeffery - Soldado PM – SP

Morto a tiros quando de sentinela no quartel da então Força Pública de São Paulo (atual PM) no Barro Branco. Organização terrorista que praticou o assassinato: Vanguarda Popular Revolucionária. Assassinos: Pedro Lobo de Oliveira; Onofre Pinto; Diógenes José Carvalho de Oliveira, atualmente conhecido como o Diógenes do PT, ex-auxiliar de Olívio Dutra no Governo do RS.

17 - 12/10/68 - Charles Rodney Chandler - Cap. do Exército dos Estados Unidos – SP

Herói na guerra com o Vietnã, veio ao Brasil para fazer o Curso de Sociologia e Política, na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo/SP. No início de outubro de 68, um "Tribunal Revolucionário", composto pelos dirigentes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari), João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) e Ladislas Dowbor (Jamil), condenou o capitão Chandler à morte, porque ele "seria um agente da CIA". Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O capitão Chandler quando retirava seu carro da garagem para seguir para a Faculdade, foi assassinado, friamente, com 14 tiros de metralhadora e vários tiros de revólver, na frente da sua esposa Joan e de seus 3 filhos. O grupo de execução era constituído pelos terroristas Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio), Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo, Pedro) e Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito).



Por que mataram meu pai?
Escrito por jo.ustra
23 Maio 2013

Entrevista com o filho do Capitão Charles Rodney Chandler

Morando na Flórida, pai de três filhos, bancário, Todd Chandler concedeu entrevista a ZH sobre o assassinato do Capitão do Exército americano  Charles Chandler, em São Paulo, há 37 anos:

Zero Hora - O que o senhor lembra do crime?
Todd Chandler - Lembro os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no carro.
ZH - Como sua família enfrentou a tragédia? 
Todd - Voltamos para os Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.
ZH - Como o senhor superou a morte do pai?
Todd - Nunca superei. Na medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os participantes  dele, fiquei com muita raiva. Se acontecesse hoje, as consequências seriam drasticamente diferentes.
ZH - Como é a imagem de Chandler no seu país?
Todd - O mais surpreendente é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.
ZH - Como o senhor cultiva a memória de seu pai?
Todd - Vejo ele todos os dias. As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.
ZH - Como era o seu pai, a carreira militar dele?
Todd - Meu pai nasceu e foi criado numa cidade muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.
ZH - Qual era a missão do seu pai no Brasil?
Todd - Não havia missão alguma. Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a mínima ideia de por que ele foi o alvo.
ZH - Como o senhor se sente ?
Todd - Sei que as coisas eram diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: "por quê"? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes. Charles Rodney Chandler"


No início de outubro/68, um "Tribunal Revolucionário" condenou o capitão Chandler à morte, porque ele "seria um agente da CIA". O "tribunal vermelho"  era composto pelos dirigentes da VPR  - Vanguarda Popular Revolucionária:
Pedro Lobo de Oliveira 
Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari)
João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) 
Ladislas Dowbor (Jamil)



Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite). O grupo de execução era constituído pelos terroristas:
Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio);
Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo, Pedro);
Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito)

Abaixo, o depoimento de Pedro Lobo de Oliveira, assumindo e detalhando o crime, transcrito do livro A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio Caso /Prêmio Testemunho 1973 da Casa de Las Américas/ Cuba-  Moraes Editora - ed.1976 - Lisboa/ Portugal).

“Chandler cruzou o portão e ganhou a calçada, ainda em marcha atrás. Antes que a carrinha (sic) alcançasse a rua, coloquei o Volks de tal modo que bloqueava a passagem do veículo de Chandler pela sua parte traseira, impedindo-o de continuar a marcha. Nesse instante um dos meus companheiros saltou do Volks, revólver na mão, e disparou contra Chandler.
Quando soaram os primeiros disparos, Chandler deixou-se cair rapidamente para o lado esquerdo do banco. Evidentemente estava ferido. Mas eu, que estava extremamente atento a todos os seus movimentos, percebi que ele não tombara somente em consequência das feridas. Foi um ato instintivo de defesa, porquanto se moveu com muita rapidez.
Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a metralhadora INA e
deferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não havia necessidade de continuar disparando -  Chandler já estava morto...”
“... Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto. Nesse momento eu lançava à rua os impressos que esclareciam ao povo brasileiro das nossas razões para eliminar Charles Chandler...” Os folhetos concluíam com as seguintes consignas:
“O DEVER DE TODO O REVOLUCIONÁRIO É FAZER A REVOLUÇÃO! CRIAR DOIS, TRÊS, MUITOS VIETNAMES...”
“Consideramos desnecessária cobertura armada para aquela ação. Tratava-se de uma ação simples. Três combatentes revolucionários decididos são suficientes para realizar uma ação de justiçamento nessas condições. Considerado o nível em que se encontrava a repressão, naquela altura, entendemos que não era necessária a cobertura armada.”

Era essa a forma usada pelos criminosos da esquerda revolucionária para desestabilizar o regime militar e tomarem o poder, implantando uma ditadura do proletariado. Assassinar com crueldade era o dia-a-dia desses sanguinários combatentes do marxismo-leninismo.

Todos esses criminosos foram indenizados com vultosas quantias e são considerados como "heróis que lutavam pela democracia". Na história oficial , que a Comissão da Verdade apresenta à sociedade, os crimes praticados por esses e outros terroristas serão varridos para baixo dos tapetes vermelhos dos órgãos do governo.  "O Direito à Memória e a verdade", prometido à sociedade,  será apresentar  os agentes do Estado, que lutaram  para que eles não implantassem uma ditadura comunista, como torturadores e assassinos desses "heróís".

HOJE:
Diógenes José de Carvalho Oliveira, também conhecido como Diógenes do PT, na década de 90 ingressou nos quadros do PT/RS, sempre assessorando seus líderes mais influentes. Diógenes foi o Presidente do Clube de Seguros da Cidadania de Porto Alegre, órgão encarregado de coletar fundos para o PT.

João Carlos Kfouri Quartin de Morais é, atualmente Professor Titular de Filosofia e Ciências da UNICAMP e,

Ladislas Dowbor Professor Titular de Economia da PUC/SP e trabalha no Instituto de Economia da UNICAMP. Saiba mais em Recordando a História/Justiçamentos

Fontes:
- GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas - Editora Ática.
- Projeto Orvil.
- CASO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - Moraes Editores.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Mataram um major do Exército alemão. Mataram por engano. Só foram descobertos depois da Anistia. Não se arrependeram. (14)

01/07/68 - Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen - Major do Exército Alemão - RJ
Morto no Rio de Janeiro, onde fazia o Curso da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Assassinado na Rua Engenheiro Duarte, na Gávea, por ter sido confundido com o major boliviano Gary Prado, suposto matador de Che Guevara, que também cursava a mesma escola. Autores: Severino Viana Callou, João Lucas Alves e o agrônomo José Roberto Monteiro (este, o militante que nunca havia sido identificado, mas que confessou o assassinato, em outubro de 2007, numa entrevista ao Estadão) - todos da organização terrorista denominada COLINA - Comando de Libertação Nacional.

MORTE POR ENGANO

 "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - Carlos Alberto Brilhante Ustra

Em 1968, o capitão do exército boliviano Gary Prado fazia o Curso de Estado-Maior, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Ele ficara conhecido internacionalmente como o oficial que teria participado da perseguição e morte, nas matas da Bolívia, do guerrilheiro Che Guevara.
Sabedoras de sua presença no Rio de Janeiro, organizações terroristas se inquietaram. O “Tribunal Revolucionário” foi convocado e o oficial boliviano condenado à morte.
Para que a ação tivesse êxito, o levantamento dos hábitos da vida da vítima começou a ser feito nas saídas da Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), seguindo-se o oficial até à sua residência, na Gávea, bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhecido o trajeto e escolhido o melhor local para o assassinato, partiram os carrascos para executar a sentença.
No dia 1º de julho de 1968, João Lucas Alves, Severino Viana Collon e José Roberto Monteiro, todos do Comando de Libertação Nacional (COLINA), ficaram à espreita, em um Fusca, na Rua Engenheiro Duarte, na Gávea. Ao avistarem o oficial, executaram-no, fria e covardemente, com dez tiros. Depois de verificarem que o militar estava morto, levaram sua pasta para simular um assalto.

Mais tarde, ao abrirem a pasta, verificando os documentos do “justiçado”, constataram o terrível engano. Gary Prado fora salvo por um levantamento malfeito. Desconheciam os uniformes. Em seu lugar, haviam assassinado o major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernahagen, colega de Gary Prado no Curso de Estado-Maior.
Para as autoridades policiais da época o crime teria sido cometido por assaltantes ou até por supostos caçadores de nazistas.

O TERCEIRO MILITANTE ASSASSINO
Terça-feira, 9 de outubro de 2007,

Brasileiro lamenta não ter sido o 'vingador de Che'
Amílcar Baiardi conta como foi errar o tiro contra o assassino do revolucionário, 40 anos após a sua morte

Lucas Pretti, do estadao.com.br

Baiardi e os companheiros mataram um militar alemão no lugar de Gary Prado

SALVADOR - O sonho desse intelectual baiano de 66 anos era ter escrito a carta até o fim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Em 1968, o jovem Amílcar Baiardi fez parte do grupo de brasileiros que tentou matar Gary Prado, o militar boliviano que capturara Ernesto Guevara de la Serna um ano antes, em 8 de outubro de 1967, 40 anos atrás. Mas o tiro atingiu o peito errado - e Baiardi participou de um dos principais erros históricos da esquerda brasileira. A frustração o persegue quatro décadas depois. "Seria muito reconfortante ter matado Gary", diz em entrevista exclusiva ao estadao.com.br.

Intelectual e profundo conhecedor das táticas de guerrilha rural, Baiardi foi o responsável por redigir o comunicado oficial do Comando de Libertação Nacional (Colina) sobre a morte de Gary Prado à imprensa. Esperou pelos três "companheiros" quase uma hora num "aparelho" clandestino no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. Quando chegaram, com a missão cumprida e uma pasta supostamente do militar boliviano, perceberam que algo estava errado. Documentos em alemão. Haviam matado Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen, major do Exército alemão.

Baiardi amassou e destruiu imediatamente o rascunho da carta. Firmou com João Lucas Alves, Severino Viana e José Roberto Monteiro (os três companheiros) um pacto de silêncio que durou até 1988. Apenas ele sobreviveu à ditadura.

O hoje professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1997 e ex-guerrilheiro recebeu o estadao.com.br em seu apartamento, em Salvador, para contar a história. E falar de Che, o "visionário romântico".

 Você tem formação em guerrilha rural, chegou a organizar o primeiro exército de guerrilheiros rurais no Maranhão. Como foi parar em uma ação urbana no meio do Rio de Janeiro?

Eu não estava no grupo tático do Colina que organizou o atentado a Gary Prado. Mas como sabiam que eu tinha experiência e uma cultura mais geral do que era o movimento de libertação na América Latina, me pediram para redigir a mensagem ao povo brasileiro comunicando a vingança de Che Guevara. Tanto que no aparelho tinha uma máquina de escrever e eu já estava preparando o que seria a mensagem.

Esse papel ainda existe?

Não, não... Fiz um manuscrito que depois embolei e destruí lá mesmo. A mensagem seria assim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Imaginava que teria uns quatro a cinco parágrafos. Terminaríamos com a exortação dos revolucionários no Brasil para a construção de uma frente guerrilheira única. Era um discurso nessa direção. Deixaríamos a mensagem numa caixa de correio e avisaríamos os jornais. Seria uma bomba jornalística, era a idéia.

Você foi o mentor do atentado?

Não, fui convocado pelo Colina. Tinha uma relação muito próxima com dois dos companheiros. Um paulista agrônomo, José Roberto Monteiro, que trabalhou comigo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O outro era João Lucas Alves. Ficamos muito ligados em decorrência do material sobre guerrilha que eu havia trazido da Colômbia. Ele que me ligou e disse: "Venha para o Rio de Janeiro que temos uma ação para você, uma ação de impacto que vai projetar nossa organização".

As táticas usadas pelo Colina eram as mesmas de organizações mais reconhecidas na época como a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca?

Sim. Tínhamos uma infinidade de medidas de segurança. Tanto que cheguei vendado ao que se chamava de aparelho, creio que em Botafogo, não sei direito até hoje. Como combinado, num determinado local, num certo dia, o João Lucas me pegou, me deu a venda e eu entrei num apartamento. Foi aí que soube: "Nós vamos vingar o Che". Foi feito o levantamento do Gary Prado, a imprensa tinha noticiado que ele tinha ido ao Rio para cursar a Escola Superior do Estado-Maior, na Praia Vermelha. Cheguei, tinha lá um sanduíche, uma máquina de escrever. Era um aparelho típico. Pouca mobília, algumas armas, e ele me disse que chegaria, dentro de 40 minutos, com esta notícia: a comprovação de que o Gary Prado tinha sido executado.

Como descobriram o engano?

Eles voltaram com uma pasta. Quando abrimos, só tinha documentos em alemão, um passaporte em alemão. Aí não se teve mais dúvida de que se tinha cometido um erro histórico. Nossa fonte de informação era um soldado infiltrado no Exército e havia uma coincidência enorme. Fisicamente, Gary e o alemão eram parecidos, magros, altos, mesma cor de pele, não usavam óculos. Então fizemos um pacto: "Nunca ninguém vai saber disso, nem mesmo nossos companheiros da organização". Não abrimos em hipótese alguma, mesmo presos e sob tortura, porque isso comprometeria a organização. Mas aconteceu um fato curioso. O Gary Prado entendeu a mensagem. Uma semana depois ele desapareceu do Rio, suspeitando que seria o alvo.( ...)

Para finalizar. Você gostaria de ter matado Gary Prado? Queria ter dormido com essa?

Queria. Claro. Seria muito reconfortante. Mas hoje, fazendo a análise contra factual, é curioso ver que Gary Prado joga a favor da redemocratização da Bolívia, um papel positivo na História. Isso só mostra que não devemos ser maniqueístas, dizer que todos que estão de um lado são ruins ou bons. Mostra que as pessoas podem mudar. People change.


SOBRE O COLINA E DILMA ROUSSEFF

A primeira organização que encantou a adolescente Dilma Rousseff foi a Política Operária – POLOP.
A POLOP teve origem no Partido Socialista Brasileiro, e foi fundada em 1961. Seus militantes já agiam  muito antes da Contra Revolução de 1964. Em 12 de março de 1963, apoiou e orientou a subversão dos sargentos em Brasília. Nessa rebelião, 600 militares, entre cabos, sargentos e suboficiais da Marinha e da Aeronáutica, foram apoiados pelo dirigente da POLOP, Juarez Guimarães de Brito, que se deslocou do Rio de Janeiro para Brasília. A cidade foi ocupada pelos rebeldes. Dominada a rebelião duas pessoas estavam mortas: o soldado Divino Dias dos Santos e o motorista civil Francisco Moraes. 
Ainda nessa época, a POLOP concitou o PCB, através de uma "Carta Aberta", a romper com o reformismo e com o governo de João Goulart. 
Logo após, a Política Operária passou por uma fase de muita polêmica quanto às linhas de ação a serem  seguidas para decidir o melhor método para implantação do comunismo no Brasil. Uma ala defendia  a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte e outra dava prioridade à luta armada.
Dilma e a luta armada
Peter Rousév era um advogado russo,  filiado ao Partido Comunista Búlgaro, que, no Brasil, mudou seu nome para Pedro Rousseff e fixou-se em Belo Horizonte, onde ganhou  dinheiro com obras na Siderúrgica Mannesmann. Em Minas casou e teve três filhos: Dilma  e  dois irmãos que tinham uma vida de família de classe média alta, eram atendidos por  três empregadas e moravam em uma casa espaçosa.  Dilma estudou no  Sion , colégio de classe média alta.
Em 1965, com 17 anos, matriculou-se na Escola Estadual Central, um centro de agitação do movimento estudantil secundarista, e começou sua doutrinação.  Dois anos depois militava na  POLOP, influenciada, entre outros movimentos, pelo livro que incendiou o mundo - Revolução da Revolução, de Régis Debray,  que difundia a teoria do foquismo" (a guerrilha de pequenos grupos - os focos), para  expropriar e terminar com a   burguesia.
Em abril de 1968, os militantes da POLOP, de Minas Gerais e da Guanabara, e do Movimento Nacional Revolucionário - MNR - de Brizola se reuniram e  entabularam negociações para a criação de uma nova organização político militar. Ao mesmo tempo, o pessoal da POLOP/GB  realizou uma Conferência, na qual foi aprovado o documento "Concepção da Luta Revolucionária", onde ficou praticamente aprovada a linha política da futura Organização Político Militar - OPM. O documento definiu a revolução brasileira como sendo de caráter socialista e o caminho a seguir o da luta armada, através do  foco guerrilheiro, visto como "a única forma que poderá assumir, agora, a luta armada revolucionária do povo brasileiro". Dilma, aos 20 anos, inclinou-se para a luta armada  e juntou-se ao grupo que optou pela violência.
O processo para a tomada do poder iniciar-se-ia com a criação de um pequeno núcleo rural: o foco, que, através do desencadeamento da luta armada no campo, cresceria e se multiplicaria com a conscientização das massas, até a constituição de um Exército Popular de Libertação. As cidades eram vistas como fontes para o apoio logístico e a guerrilha urbana nelas desencadeadas serviria para manter ocupadas as forças legais. Os atos de terrorismo e sabotagem deveriam obedecer a um rígido critério político, estabelecido pelo comando da OPM.

Criação do Comando de Libertação Nacional - COLINA
Em julho de 1968, esses dissidentes da POLOP realizaram um Congresso Nacional num sítio em Contagem, Minas Gerais no qual foi criado o Comando de Libertação Nacional – COLINA -, com o seu Comando Nacional – CN - integrado por Ângelo Pezzuti da Silva e Carlos Alberto Soares de Freitas, em Minas Gerais, e Juarez Guimaraes de Brito e Maria do Carmo Brito, na Guanabara.

Diretamente ligado ao Comando Nacional - CN -, foi criado:
Setor Estratégico, subdividido em:
a-   Comando Urbano - constituído pelo Setor Operário e Estudantil. Esse setor era o responsável pelo trabalho de massa nas fábricas, empresas, sindicatos, faculdades, etc. Esse trabalho era executado pelas células, por meio das atividades de recrutamento e de agitação e propaganda. O setor editava o jornal "O Piquete".
b-  Comando militar - composto pelos Setores de Levantamento de Áreas; Inteligência; Expropriação; Terrorismo e Sabotagem; e Logistico.
A partir de setembro de 1968 o Setor de Levantamento de Áreas deu início a uma série de viagens pelo interior do país, a fim de selecionar as  regiões mais favoráveis à instalação de guerrilhas. Após estudar mais de sete estados, o COLINA decidiu-se, em junho do ano seguinte, por uma região de mais de 100 mil km2, englobando diversos municípios do Maranhão e de Goiás - Imperatriz, Porto Franco, Barra do Corda e Tocantinópolis. 

Dilma Rousseff e Comando de Libertação  Nacional – COLINA
Os dissidentes  que optaram pela luta armada reuniram-se em torno da nova organização. Entre esses dissidentes estava Dilma. Continuando sua capacitação política, um dos seus doutrinadores foi Apolo Heringer Lisboa, dirigente do Colina. Ele lhe ministrara aulas de marxismo, quando Dilma ainda era secundarista. No meio subversivo conheceu  o jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que também optara pela luta armada. Galeno serviu  ao Exército por  três anos e também militou na POLOP. Atuou ativamente na sublevação dos marinheiros. Esteve preso  por cinco meses na Ilha das Cobras, durante a  Contra Revolução. Depois disso, obteve Habeas Corpus, foi solto  e voltou a Belo Horizonte, onde foi trabalhar no jornal Ultima Hora, tendo como chefe Guido Rocha, um dos principais líderes da POLOP, que Galeno conhecera quando ambos estiveram presos.
Dilma e Galeno casaram-se um ano depois. Firmava-se a Dilma guerrilheira, correndo da polícia, fazendo passeata para apoiar os operários em greve em Contagem e enfrentando a polícia.
A dupla prometia. Galeno, em entrevista à revista Piauí, declarou que aprendera a fabricar bombas na farmácia de seu pai. Ela tinha tarefas específicas no COLINA: a confecção do Jornal O Piquete, a preparação das aulas de marxismo,  absorvidas na doutrinação do dirigente do COLINA, Apolo Hering. Tinha também aulas sobre armamentos, tiro ao alvo e explosivos. Grande parte dessas aulas era ministrada nos arredores de Belo Horizonte pelo ex-sargento da Aeronáutica João Lucas Alves.
Além de dar instruções de técnicas de guerrilha à Dilma, Galeno, em entrevista à Revista Piauí, demonstra mais que uma relação de militância  com João Lucas Alves. Demonstra que era  seu apoio logístico, quando declara: "O João Lucas ficava hospedado em nossa casa".

João Lucas Alves foi um dos executores do major do exército alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen, em 01/07/68. O crime ficou sem autoria declarada a até bem poucos anos.  Foi preciso Jacob Gorender, também militante da luta armada – PCBR - , em seu livro Combate nas Trevas, publicar um segredo guardado a sete chaves: a organização responsável por este assassinato foi o COLINA , e o nome de dois dos três autores do crime.

Dilma e Galeno viviam  perigosamente, rodeados de gente que, como eles, não pretendia, como motivação principal, derrubar o governo militar, mas instalar um regime marxista-leninista, como pregavam os estatutos da organização na qual militavam ativamente. Seu apartamento era  visitado pela cúpula do COLINA. Derrubar o regime militar era o pretexto para atrair militantes para a causa principal -  instalar uma ditadura  nos moldes de Cuba -, que, para ser melhor aceita, era rotulada de regime socialista. Para isso, faziam treinamentos práticos e de capacitação política. 
Embora o COLINA tivesse conseguido recrutar adeptos em Porto Alegre, Goiânia e Brasília, nunca deixou de ser uma organização política militar tipicamente mineira, com um núcleo na Guanabara – RJ -, onde havia recrutado um grupo de ex-militares. De acordo com Jacob Gorender, autor do livro "Combate nas trevas", o COLINA já aderira à luta armada em 1968 e pregava  a prática do terrorismo.

Dentre as ações do COLINA , em 1968, podem ser destacadas:
- Em 28 de agosto, assalto ao Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, agência Pedro II , em Belo Horizonte;
- Em 4 de outubro, assalto ao Banco do Brasil, na cidade industrial de Contagem, em MG;
- Em 18 de outubro, dois atentados a bomba em Belo Horizonte, nas residências do Delegado Regional do Trabalho e do Interventor dos Sindicatos dos Bancários e dos Metalúrgicos;
- Em 25 de outubro, no Rio de Janeiro, Fausto Machado Freire e Murilo Pinto da Silva assassinaram Wenceslau Ramalho Leite, com quatro tiros de pistola Luger 9mm, quando lhe roubaram o carro; e
- Em 29 de outubro, assalto ao Banco Ultramarino, agência de Copacabana, no Rio de Janeiro.

A Organização de Dilma tinha algumas armas, algum dinheiro e algumas dezenas de militantes dispostos a tudo.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Sobre os comentários do jurista Miguel Reale Jr. a respeito do Coronel Ustra

"Estou sendo julgado numa Vara Cível, por um suposto crime cometido em dependência do Exército e na qualidade de seu Comandante. Estou sendo julgado, apesar da Lei da Anistia, que penso muito em breve será revogada, mas que ainda está em vigor. Estou sendo julgado em uma Vara Cível apesar de jamais ter sido condenado criminalmente. Estou sendo julgado por um crime que não cometi." Cel. Brilhante Ustra

Durante a exposição dos argumentos para o impeachment de Dilma Roussef em sessão do Senado, nesta quinta-feira, 28 de abril de 2016, o jurista Miguel Reale Jr. fez questão de frisar que sentia muito que o processo de impeachment tivesse, em seu percurso legal, servido para enaltecer 'torturadores' como o Cel. Brilhante Ustra que, segundo o jurista, já havia sido reconhecido como tal pela justiça. Reale ainda aproveitou para enaltecer sua amiga Crimeia (e família), autora da ação que 'codenou' Ustra.

Vale dizer que houve irregularidades no processo que 'condenou' Ustra, em primeira instância. Recurso foi apresentado ao STF, ainda não julgado:

Em 2008, por decisão em primeira instância do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, o coronel Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado em ação declaratória por sequestro e tortura. Publicada em 9 de outubro de 2008, a sentença é o julgamento, em primeira instância, ao requerimento de dois ex-guerrilheiros e seus filhos Janaína de Almeida Teles, Edson Luis de Almeida Teles, César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e uma quinta pessoa, Criméia Alice Schmidt de Almeida, que acusaram Ustra de sequestro e de tortura em 1972 e 1973, requerendo à Justiça que, através de uma ação declaratória, ele fosse reconhecido como torturador. Na sentença, ficou reconhecido que o militar, na qualidade de chefe de operações do DOI-CODI de São Paulo, deveria saber que naquele lugar eram feitas sessões de interrogatório. O advogado do coronel Ustra, Paulo Alves de Souza, continuou afirmando que os ex-guerrilheiros, autores da ação, mentiam e anunciou que recorreria da decisão. Em agosto de 2012, o TJ-SP rejeitou o recurso de Ustra, confirmando a sentença anterior que o declarara torturador. Seu advogado recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). O coronel Ustra faleceu antes que o processo tivesse seu julgamento final.

Querem saber o que aconteceu? Leiam a matéria baixo.

Retirado do livro "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça"
Por Carlos Alberto Brilhante Ustra
Leiam com atenção e notem as contradições existentes

A vingança dos derrotados
12 Outubro 2008

Como acontece em todos os movimentos onde os comunistas são derrotados, eles iniciam a sua volta lutando pela anistia, que, uma vez conquistada, lhes permite viver usando as liberdades democráticas que queriam destruir. Posteriormente, começam uma virulenta campanha para denegrir os que os combateram, posam de vítimas e de heróis e fazem da mentira e da calúnia o seu discurso. Não descansam enquanto não conseguem, por revanchismo, colocar na prisão aqueles que os combateram e derrotaram. Para isso, mudam as leis e até a própria Constituição, o que é feito com a corrupção do Legislativo e com o apoio de simpatizantes, escolhidos a dedo, para as mais altas funções do Judiciário.

Ao final de dezembro de 1972 o DOI de São Paulo estava preocupado com o trânsito de guerrilheiros que, da capital paulista, eram encaminhados para a área de guerrilha do Araguaia, onde pretendiam estabelecer uma área liberada, semelhante a ocupada, até os dias de hoje, na Colômbia, pelas FARC.
Durante essas investigações a gráfica clandestina do PCdoB foi localizada e “estourada”. Os responsáveis por esse “aparelho de imprensa” eram Maria Amélia Teles e seu marido César Augusto Teles. Na ocasião, estavam com eles os dois filhos do casal - Janaína, de 5 anos, e Edson Luis, de 4 anos.
Era contato freqüente do casal, Carlos Nicolau Danielli, membro do Comitê Central do PCdoB, que fizera curso de Guerrilha em Cuba e tinha estreitas ligações com o casal e, principalmente, com Maria Amélia. Toda a matéria que a imprensa clandestina do Partido publicava tinha que ter sua aprovação.
No aparelho, homiziada, encontrava-se Criméia Schimidt de Almeida, irmã de Maria Amélia, que na ocasião se fazia passar por babá das crianças. Criméia era militante do PCdoB e integrava o “Destacamento A” na Guerrilha do Araguaia. Seu marido, André Grabois, era filho de Mauricio Grabois, o comandante dos guerrilheiros naquela região. Uma das normas da guerrilha era a proibição de que as guerrilheiras engravidassem. As guerrilheiras grávidas eram obrigadas a abortar e, caso não consentissem com o aborto, seriam “justiçadas”.
Por medida de segurança ninguém estava autorizado a sair da área de guerrilha, pois, caso fossem presos, poderiam indicar o local ocupado pelos guerrilheiros, bem como dar informações sobre as particularidades da guerrilha. Essa era uma norma seguida a risco.
Criméia, no entanto, engravidou e, em agosto de 1972, por estar com 3 meses de gravidez, contrariando todas as determinações existentes, foi retirada da área de guerrilha por determinação do comandante Maurício Grabois, futuro avô da criança. Criméia foi poupada. Era nora do comandante. 
Quando a gráfica foi “estourada” Maria Amélia, César Augusto e Criméia foram presos. As crianças, como não poderiam continuar sozinhas  no local, foram encaminhadas ao DOI. As máquinas de impressão e as armas existentes no "aparelho" foram apreendidas.
Ao chegarem, entrevistei o casal e lhes disse que as crianças não poderiam permanecer naquele local. Perguntei se tinham algum parente em São Paulo que pudesse se responsabilizar por elas. Responderam que as crianças tinham tios em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro, não me recordo qual o local. Pedi o telefone deles para avisá-los do que acontecia e indagar se poderiam vir a São Paulo para receberem os dois filhos do casal. Feito o contato, esses familiares pediram alguns dias de prazo para viajar à capital paulista. Decidi que, enquanto aguardávamos a chegada dos tios, as crianças permaneceriam sob o cuidado do Juizado de Menores.
Nesse momento, Maria Amélia e César Augusto pediram para que seus filhos não fossem para o Juizado. Uma policial militar, que assistia ao diálogo, se ofereceu para ficar com Janaína e Edson Luis até a chegada de seus tios, desde que os pais concordassem com o oferecimento, o que foi aceito na hora pelo casal.
Movido mais pelo coração do que pela razão, achei que essa era a melhor solução. As crianças foram levadas para a casa da agente e para que não sentissem a falta dos pais, diariamente, eram conduzidas ao DOI para ficar algum tempo, aproximadamente duas horas, com eles. Isso se repetiu até a vinda dos parentes. Quando chegaram, Janaína e Edson Luis foram entregues aos seus tios, na presença dos pais.
No 7º mês de gravidez Criméia foi presa, em 28/12/1972, pelo DOI/ CODI/IIEx, onde permaneceu por 24 dias, até ser encaminhada para Brasília, que era a área encarregada de combater a Guerrilha do Araguaia.
Seu filho, João Carlos Schimidt de Almeida Grabois, atualmente com 34 anos, nasceu no Hospital do Exército de Brasília, em 13/02/1973. Em 2005 foi indenizado porque estava no útero de sua mãe quando ela foi presa, segundo consta na sentença.
O tempo passou e em 1985, Maria Amélia declarou aos editores do livro Brasil Nunca Mais, o seguinte:
Na tarde desse dia (28 de dezembro de 1972), por volta das 7 horas, foram trazidos, seqüestrados, também para a OBAN, meus dois filhos, Janaína de Almeida Teles, de 5 anos, e Edson Luiz de Almeida Teles, de 4 anos, quando fomos mostrados com as vestes rasgadas, sujos, pálidos, cobertos de hematomas. Sofremos ameaças por algumas horas de que nossos filhos seriam molestados.”
Em 31/01/1997, segundo depoimento de Janaína à Rose Spina, em matéria sob o título Memória: Filhos da Resistência, publicado no Portal da Fundação Perseu Abramo consta:
"Posteriormente foram levados, no mesmo Opala azul, para Belo Horizonte, onde vivia boa parte da família, pessoas que estavam longe de aprovar a opção feita por César e Amelinha. Os dois irmãos ficaram aos cuidados de uma tia e de seu marido, um delegado de polícia com relações com o DOPS."
Janaína assim se refere aos tios que, a pedido de seus pais, foram a São Paulo apanhá-la, junto com seu irmão, e os acolheram em sua casa:
“Esse infeliz disse que meus pais tinham me abandonado e minha tia me fez sua empregada, me fazia dar mamadeira para meus primos, de 3, 4 e 6 anos, praticamente de minha idade”.
Em depoimento de Maria Amélia, publicado no site http://emilianojose.com.br ela assim se refere a esses mesmos tios:
Ficaram na casa de uma policial por um dia e depois foram mandados pra casa de um outro policial parente do pai das crianças... ( O que confirma o que é declarado por mim) Ali as crianças sofreram toda a sorte de privações e humilhações. Eram insultadas por serem filhos de “comunistas”, etc. Qualquer desobediência, por parte das crianças, diziam que eram assim porque tinham sido doutrinados pelos pais”

Em 30/10/2005 o jornal “O Globo”, em matéria assinada pelo jornalista Evandro Éboli, publicou:
“Crianças e adolescentes filhos de comunistas também sofreram privações, foram presos, perseguidos, torturados, exilados e eram obrigados, como seus pais, a trocar de identidade para fugir do cerco dos militares. A história dos anos da ditadura mantém quase oculto o que se passou com eles. Mas não era incomum os militares prenderem crianças junto com os pais. Os filhos eram usados durante as sessões de tortura e obrigados assistir essas atrocidades. Era o meio de arrancar confissões dos comunistas”.
“Presa pela Operação Bandeirante (Oban) em dezembro de 1972, em São Paulo, a militante do Partido Comunista Maria Amélia Almeida Teles viu seus dois filhos serem levados também pelos militares. Janaína, com 4 anos, e Edson Luiz, com 5 anos, foram parar numa casa cercada de militares, onde ficaram trancados num quarto. Com freqüência, eram levados à cela da mãe para vê-la torturada, no DOI-CODI. Janaína se lembra que os militares diziam que seus pais os abandonaram e que não iriam voltar para buscá-los”.
“Janaína, 5 anos, e Edson Luiz, 4 anos, ficaram presos por 15 dias. Eram levados ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops) para ver as marcas de torturas na mãe.”

No programa “Fantástico”, da Rede Globo de TV, de 15/10/2006, Criméia afirmou que mesmo grávida não foi poupada. Ficou 20 horas em trabalho de parto, na cela, sem qualquer ajuda, até que seu filho nasceu no Hospital do Exército, já em Brasília.

Nos primeiros dias do mês de abril de 2006, quando a primeira edição do livro A Verdade Sufocada  já estava pronta, recebi do Exmo Sr. Dr Juiz de Direito da 23ª Vara Cível do Foro de São Paulo uma Ação Declaratória, movida por César Augusto Teles, sua esposa Maria Amélia Teles, seus filhos Janaína e Edson Luis de Almeida Teles e sua cunhada Criméia Schmidt de Almeida.
As 46 páginas da Ação Declaratória de ocorrência de danos morais tinham a finalidade de declarar que eu (RÉU), como Comandante do DOI/CODI/II Exército, agi com dolo e cometi ato ilícito passível de reparação, causei danos morais e danos materiais à integridade física dos AUTORES, incluindo seus dois filhos. Estava sendo acusado dos crimes detortura, seqüestro, cárcere privado dessas crianças e de tortura de seus pais e de sua tia Criméia.
Ao receber essa Notificação, deu-me o Magistrado o prazo de 15 dias para a minha Contestação. Caso isso não ocorresse, seria declarado culpado.
Procurei um advogado, em São Paulo, que aceitasse fazer a minha defesa. Logo fui  colocado em contato com o Dr Paulo Esteves, um dos maiores criminalistas de São Paulo, que aceitou fazer a minha defesa. No dia seguinte, já estava na capital paulista, para que o Dr Paulo Esteves, nos 5 dias restantes do prazo, apresentasse a minha Contestação.  Em outubro desse ano recebi uma Carta de Intimação para comparecer perante o Juízo da 23ª Vara Cível, em São Paulo, no dia 08/11/2006, às 14:15 horas, a fim de participar da audiência de Instrução, Debates e Julgamento.
Por manobras jurídicas não fui ouvido, em Brasília, por Carta Precatória. Viajei a São Paulo e no dia marcado estava pronto para ser submetido ao julgamento.
Às 12 horas, encontrava-me no escritório do meu advogado, quando tomamos conhecimento de um despacho do Juiz que assim dizia: “Como os autores renunciaram à colheita do depoimento pessoal do réu, não vê o Juízo fundamento para aplicar o art 342 do CPC. Portanto essa prova não será acolhida”.
Ficou claro! Meus acusadores queriam a minha presença no Tribunal no dia do julgamento e ao mesmo tempo não queriam o meu depoimento. Queriam a minha presença para que eu fosse execrado publicamente, pois o circo estava montado: as TVs já tinham instalado os seus equipamentos, mais de 90 militantes, organizados, me aguardavam. Cerca de 30 repórteres e fotógrafos, esperavam a minha entrada no Tribunal. Tudo estava montado para que as TVs exibissem nos seus noticiários da noite e os jornais no dia seguinte, em manchetes, o coronel torturador, afinal sendo julgado.
Repito! Não queriam o meu depoimento. Não queriam que o juiz ouvisse a  minha versão.
Os leitores foram testemunhas das chamadas nos telejornais da noite desse dia, onde se sobressaiam as do Jornal Nacional, da Globo, onde eu era chamado claramente de coronel torturador, apesar de nenhum tribunal ter me condenado.
Imagino o constrangimento que minhas filhas devem ter sentido ao verem as fotos de seu pai, mostradas a milhões de telespectadores, de modo vil e desumano, baseadas, tão somente, em acusações orquestradas de militantes revanchistas.
Apesar de todos esses dissabores me sinto tranqüilo. Estaria numa situação extremamente desconfortável se, no meu lugar, estivesse um antigo subordinado meu. Desde o início da vida militar os nossos chefes sempre nos ensinaram que “o comandante é o responsável por tudo o que a sua unidade faz ou deixa de fazer”.
Estou sendo julgado numa Vara Cível, por um suposto crime cometido em dependência do Exército e na qualidade de seu Comandante.
Estou sendo julgado, apesar da Lei da Anistia, que penso muito em breve será revogada, mas que ainda está em vigor.
Estou sendo julgado em uma Vara Cível apesar de jamais ter sido condenado criminalmente.
Estou sendo julgado por um crime que não cometi.
Esse processo começou em novembro de 2005, após o filho de Criméia, que nasceu no Hospital Militar de Brasília, ter sido indenizado e nada tem a ver com publicação, do livro "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça".
É notório o aumento do número de “torturados”, de perseguidos políticos e de vítimas dos chamados”anos de chumbo” após o ano de 2002, quando foi promulgada a Lei das Indenizações.
Além da indenização para seus filhos, já que os pais e a tia foram indenizados, os autores desse processo buscam um motivo para colocar aqueles que os combateram no banco dos réus.
Assim aconteceu na Argentina, no Chile, no Uruguai.
Enquanto assaltantes, seqüestradores, terroristas, e assassinos permanecem livres sob a justificativa de que “lutavam pela liberdade” nós que cumprindo ordens de nossos superiores hierárquicos, lutamos e preservamos a democracia, agora estamos ameaçados de ir para a prisão por aqueles que combatemos e vencemos.
Julguem os leitores pela fotografia tirada no Hospital Militar de Brasília, após o parto, onde Criméia aparece com o filho recém nascido. Reparem as suas roupas, o seu olhar de felicidade junto com o filho.

Será que essa moça, pela sua aparência, parece ter sido torturada há pouco tempo?
Reparem nas roupas de seu filho, bem vestido. Pois o enxoval dessa criança foi comprado pelo Exército, por ordem do General Antonio Bandeira, comandante da Brigada de Infantaria, em Brasília, onde Criméia estava presa.
Aliás, esse enxoval foi entregue a Criméia por D. Léa, esposa do General Bandeira, quando foi visitá-la no Hospital.
Criméia se refere a essa visita como    sendo da esposa do General Kruel e que segundo ela se “tornou mais tarde a prova do episódio tenebroso”.
Analisem a fotografia do batizado do filho de Criméia, feito pelo Capelão Militar. Vejam o semblante dos padrinhos, familiares de Criméia, Será que o Exército que a “torturou” teria a preocupação de organizar o batizado ?-
Fotos da Revista ISTOÉ - 04/09/1985

Abaixo trechos extraídos da  setença do juiz Gustavo Santini Teodoro da 23ª Vara Cível do Foro Central (1ª Instância )

(...)" Entretanto a prova testemunhal ficou muito vaga quanto aos autores Janaína de Almeida Teles e Edson  Luiz de Almeida Teles, então menores de idade, filhos dos autores Cesar Augusto e Maria Amélia. Realmente, as testemunhas não viram Janaina e Edson na prisão. Ninguém soube esclarecer se os então menores realmente viram os pais com as lesões resultantes das  torturas. Nada indica que eles teriam recebido ameaças de tortura ou sido usados como instrumento de tortura de seus pais. "(...)
(...) " Julgo procedente o pedido formulado pelos autores César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida , para declarar que entre eles e o réu Carlos Alberto Brilhante Ustra existe relação jurídica de responsabilidade civil, nascida da prática de ato ilícito, gerador de danos morais. Sucumbente, o réu arcará com custas, despesas processuais e honorários dos advogados dos autores, fixados estes nos termos do artigo 20, parágrafo 4º do Código do Processo Civil, em dez mil reais,  com atualização monetária pela tabela prática a partir desta sentença. Julgo improcedente o pedido formulado pelos autores Janaina de Almeida Teles e Edson Luis de Almeida Teles, os quais porque sucumbentes, arcarão com custas, despesas processuais e honorários dos advogados do réu, fixados estes, de acordo com a norma já invvocada em dez mil reais, com atualização monetária pela tabela prática a partir desta sentença. P.R.I. São Paulo, 7 de outubro de 2008."

Observação da editora:

Abaixo declarações de Janaína ao Portal Terra:
"Eu me sinto vitoriosa. Gostaria que a Justiça tivesse reconhecido também a tortura a mim e ao meu irmão, que éramos crianças na época. Mas o juiz disse que não há elementos para isso. A decisão faz com que a gente pense mais. De uma maneira mais séria dos crimes do passado. Ela traz à família satisfação e alívio", diz Janaína Teles, que na época tinha cinco anos de idade. O irmão, Cesar Teles, é um ano mais novo."

Essa declaração é "da boca para fora". O que eles queriam era que  fossem declarados "torturados" , quando na realidade sabem que a atitude tomada pelo comandante do DOI evitou que eles fossem  recolhidos ao Juizado de Menores, já que não tinham com quem ficar, quando seus pais e a tia foram presos. Além do mais, essa ação não é "meramemente declaratória". É apenas o início de um pedido de indenização financeira e, provavelmente, da responsabilidade penal do Cel Ustra. Aguardem!...