01/07/68 - Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen - Major
do Exército Alemão - RJ
Morto no Rio de Janeiro, onde fazia o Curso
da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Assassinado na Rua Engenheiro
Duarte, na Gávea, por ter sido confundido com o major boliviano Gary Prado, suposto
matador de Che Guevara, que também cursava a mesma escola. Autores: Severino Viana Callou, João Lucas
Alves e o agrônomo José
Roberto Monteiro (este, o militante que nunca havia sido identificado,
mas que confessou o assassinato, em outubro de 2007, numa entrevista ao
Estadão) - todos da organização terrorista denominada COLINA - Comando de
Libertação Nacional.
MORTE POR ENGANO
"A Verdade Sufocada - A história que a
esquerda não quer que o Brasil conheça" - Carlos Alberto Brilhante Ustra
Em 1968, o capitão do exército boliviano
Gary Prado fazia o Curso de Estado-Maior, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
Ele ficara conhecido internacionalmente como o oficial que teria participado da
perseguição e morte, nas matas da Bolívia, do guerrilheiro Che Guevara.
Sabedoras de sua presença no Rio de
Janeiro, organizações terroristas se inquietaram. O “Tribunal Revolucionário”
foi convocado e o oficial boliviano condenado à morte.
Para que a ação tivesse êxito, o
levantamento dos hábitos da vida da vítima começou a ser feito nas saídas da
Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), seguindo-se o oficial até à sua
residência, na Gávea, bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhecido o trajeto e
escolhido o melhor local para o assassinato, partiram os carrascos para
executar a sentença.
No dia 1º de julho de 1968, João Lucas
Alves, Severino Viana Collon e José Roberto Monteiro, todos do Comando de
Libertação Nacional (COLINA), ficaram à espreita, em um Fusca, na Rua
Engenheiro Duarte, na Gávea. Ao avistarem o oficial, executaram-no, fria e
covardemente, com dez tiros. Depois de verificarem que o militar estava morto,
levaram sua pasta para simular um assalto.
Mais tarde, ao abrirem a pasta, verificando
os documentos do “justiçado”, constataram o terrível engano. Gary Prado fora
salvo por um levantamento malfeito. Desconheciam os uniformes. Em seu lugar,
haviam assassinado o major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von
Westernahagen, colega de Gary Prado no Curso de Estado-Maior.
Para as autoridades policiais da época o
crime teria sido cometido por assaltantes ou até por supostos caçadores de
nazistas.
O
TERCEIRO MILITANTE ASSASSINO
Terça-feira, 9 de
outubro de 2007,
Brasileiro
lamenta não ter sido o 'vingador de Che'
Amílcar Baiardi
conta como foi errar o tiro contra o assassino do revolucionário, 40 anos
após a sua morte
Lucas Pretti, do estadao.com.br
Baiardi e os companheiros mataram um
militar alemão no lugar de Gary Prado
SALVADOR - O sonho desse intelectual
baiano de 66 anos era ter escrito a carta até o fim: "Um ano e pouco
depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o
mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Em 1968, o jovem Amílcar
Baiardi fez parte do grupo de brasileiros que tentou matar Gary Prado, o
militar boliviano que capturara Ernesto Guevara de la Serna um ano antes, em
8 de outubro de 1967, 40 anos atrás. Mas o tiro atingiu o peito errado - e
Baiardi participou de um dos principais erros históricos da esquerda
brasileira. A frustração o persegue quatro décadas depois. "Seria muito
reconfortante ter matado Gary", diz em entrevista exclusiva ao
estadao.com.br.
Intelectual e profundo conhecedor das
táticas de guerrilha rural, Baiardi foi o responsável por redigir o
comunicado oficial do Comando de Libertação Nacional (Colina) sobre a morte
de Gary Prado à imprensa. Esperou pelos três "companheiros" quase
uma hora num "aparelho" clandestino no bairro do Botafogo, no Rio
de Janeiro. Quando chegaram, com a missão cumprida e uma pasta supostamente
do militar boliviano, perceberam que algo estava errado. Documentos em
alemão. Haviam matado Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen,
major do Exército alemão.
Baiardi amassou e destruiu imediatamente
o rascunho da carta. Firmou com João Lucas Alves, Severino Viana e José
Roberto Monteiro (os três companheiros) um pacto de silêncio que durou até
1988. Apenas ele sobreviveu à ditadura.
O hoje professor da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1997
e ex-guerrilheiro recebeu o estadao.com.br em seu apartamento, em Salvador,
para contar a história. E falar de Che, o "visionário romântico".
Você tem formação em guerrilha rural, chegou
a organizar o primeiro exército de guerrilheiros rurais no Maranhão. Como foi
parar em uma ação urbana no meio do Rio de Janeiro?
Eu não estava no grupo tático do Colina
que organizou o atentado a Gary Prado. Mas como sabiam que eu tinha
experiência e uma cultura mais geral do que era o movimento de libertação na
América Latina, me pediram para redigir a mensagem ao povo brasileiro
comunicando a vingança de Che Guevara. Tanto que no aparelho tinha uma
máquina de escrever e eu já estava preparando o que seria a mensagem.
Esse papel ainda existe?
Não, não... Fiz um manuscrito que depois
embolei e destruí lá mesmo. A mensagem seria assim: "Um ano e pouco
depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o
mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Imaginava que teria uns
quatro a cinco parágrafos. Terminaríamos com a exortação dos revolucionários
no Brasil para a construção de uma frente guerrilheira única. Era um discurso
nessa direção. Deixaríamos a mensagem numa caixa de correio e avisaríamos os
jornais. Seria uma bomba jornalística, era a idéia.
Você foi o mentor do atentado?
Não, fui convocado pelo Colina. Tinha uma
relação muito próxima com dois dos companheiros. Um paulista agrônomo, José
Roberto Monteiro, que trabalhou comigo no Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra). O outro era João Lucas Alves. Ficamos muito ligados
em decorrência do material sobre guerrilha que eu havia trazido da Colômbia.
Ele que me ligou e disse: "Venha para o Rio de Janeiro que temos uma
ação para você, uma ação de impacto que vai projetar nossa organização".
As táticas usadas pelo Colina eram as
mesmas de organizações mais reconhecidas na época como a Ação Libertadora
Nacional (ALN), de Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionária
(VPR), de Carlos Lamarca?
Sim. Tínhamos uma infinidade de medidas
de segurança. Tanto que cheguei vendado ao que se chamava de aparelho, creio
que em Botafogo, não sei direito até hoje. Como combinado, num determinado
local, num certo dia, o João Lucas me pegou, me deu a venda e eu entrei num
apartamento. Foi aí que soube: "Nós vamos vingar o Che". Foi feito
o levantamento do Gary Prado, a imprensa tinha noticiado que ele tinha ido ao
Rio para cursar a Escola Superior do Estado-Maior, na Praia Vermelha.
Cheguei, tinha lá um sanduíche, uma máquina de escrever. Era um aparelho
típico. Pouca mobília, algumas armas, e ele me disse que chegaria, dentro de
40 minutos, com esta notícia: a comprovação de que o Gary Prado tinha sido
executado.
Como descobriram o engano?
Eles voltaram com uma pasta. Quando
abrimos, só tinha documentos em alemão, um passaporte em alemão. Aí não se
teve mais dúvida de que se tinha cometido um erro histórico. Nossa fonte de
informação era um soldado infiltrado no Exército e havia uma coincidência
enorme. Fisicamente, Gary e o alemão eram parecidos, magros, altos, mesma cor
de pele, não usavam óculos. Então fizemos um pacto: "Nunca ninguém vai
saber disso, nem mesmo nossos companheiros da organização". Não abrimos
em hipótese alguma, mesmo presos e sob tortura, porque isso comprometeria a
organização. Mas aconteceu um fato curioso. O Gary Prado entendeu a mensagem.
Uma semana depois ele desapareceu do Rio, suspeitando que seria o alvo.( ...)
Para finalizar. Você gostaria de ter
matado Gary Prado? Queria ter dormido com essa?
Queria. Claro. Seria muito reconfortante.
Mas hoje, fazendo a análise contra factual, é curioso ver que Gary Prado joga
a favor da redemocratização da Bolívia, um papel positivo na História. Isso
só mostra que não devemos ser maniqueístas, dizer que todos que estão de um
lado são ruins ou bons. Mostra que as pessoas podem mudar. People change.
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SOBRE
O COLINA E DILMA ROUSSEFF
A primeira organização que encantou a adolescente Dilma Rousseff
foi a Política Operária – POLOP.
A POLOP teve origem no Partido Socialista Brasileiro, e foi
fundada em 1961. Seus militantes já agiam muito antes da Contra
Revolução de 1964. Em 12 de março de 1963, apoiou e orientou a subversão dos
sargentos em Brasília. Nessa rebelião, 600 militares, entre cabos,
sargentos e suboficiais da Marinha e da Aeronáutica, foram apoiados pelo
dirigente da POLOP, Juarez Guimarães de Brito, que se deslocou do Rio de
Janeiro para Brasília. A cidade foi ocupada pelos rebeldes. Dominada a
rebelião duas pessoas estavam mortas: o soldado Divino Dias dos Santos e o
motorista civil Francisco Moraes.
Ainda nessa época, a POLOP concitou o PCB, através de uma
"Carta Aberta", a romper com o reformismo e com o governo de João
Goulart.
Logo após, a Política Operária passou por uma
fase de muita polêmica quanto às linhas de ação a serem seguidas para
decidir o melhor método para implantação do comunismo no Brasil. Uma ala
defendia a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte e outra
dava prioridade à luta armada.
Dilma e a luta armada
Peter Rousév era um advogado russo, filiado ao Partido
Comunista Búlgaro, que, no Brasil, mudou seu nome para Pedro Rousseff e
fixou-se em Belo Horizonte, onde ganhou dinheiro com obras na
Siderúrgica Mannesmann. Em Minas casou e teve três filhos: Dilma
e dois irmãos que tinham uma vida de família de classe média alta, eram
atendidos por três empregadas e moravam em uma casa
espaçosa. Dilma estudou no Sion , colégio de classe média
alta.
Em 1965, com 17 anos, matriculou-se na Escola Estadual
Central, um centro de agitação do movimento estudantil secundarista, e
começou sua doutrinação. Dois anos depois militava na POLOP,
influenciada, entre outros movimentos, pelo livro que incendiou o mundo -
Revolução da Revolução, de Régis Debray, que difundia a teoria do
foquismo" (a guerrilha de pequenos grupos - os focos), para
expropriar e terminar com a burguesia.
Em abril de 1968, os militantes da POLOP, de
Minas Gerais e da Guanabara, e do Movimento Nacional Revolucionário - MNR -
de Brizola se reuniram e entabularam negociações para a criação de uma
nova organização político militar. Ao mesmo tempo, o pessoal da
POLOP/GB realizou uma Conferência, na qual foi aprovado o documento "Concepção da Luta Revolucionária", onde ficou praticamente aprovada a linha política da futura Organização Político Militar - OPM. O documento definiu a revolução brasileira como sendo de caráter
socialista e o caminho a seguir o da luta armada, através do foco
guerrilheiro, visto como "a única forma que poderá assumir, agora, a
luta armada revolucionária do povo brasileiro". Dilma, aos 20 anos,
inclinou-se para a luta armada e juntou-se ao grupo que optou pela
violência.
O processo para a tomada do poder
iniciar-se-ia com a criação de um pequeno núcleo rural: o foco, que, através
do desencadeamento da luta armada no campo, cresceria e se multiplicaria com
a conscientização das massas, até a constituição de um Exército Popular de Libertação. As cidades eram vistas como fontes para o
apoio logístico e a guerrilha urbana nelas desencadeadas serviria para manter
ocupadas as forças legais. Os atos de terrorismo e sabotagem deveriam
obedecer a um rígido critério político, estabelecido pelo comando da OPM.
Criação do Comando de Libertação Nacional - COLINA
Em julho de 1968, esses dissidentes da POLOP
realizaram um Congresso Nacional num sítio em Contagem, Minas Gerais no qual
foi criado o Comando de Libertação Nacional – COLINA -, com o seu Comando
Nacional – CN - integrado por Ângelo Pezzuti da Silva e Carlos Alberto Soares
de Freitas, em Minas Gerais, e Juarez Guimaraes de Brito e Maria do Carmo
Brito, na Guanabara.
Diretamente ligado ao Comando Nacional - CN
-, foi criado:
Setor Estratégico, subdividido em:
a- Comando Urbano - constituído
pelo Setor Operário e Estudantil. Esse setor era o responsável pelo trabalho de massa nas
fábricas, empresas, sindicatos, faculdades, etc. Esse trabalho era executado
pelas células, por meio das atividades de recrutamento e de agitação e
propaganda. O setor editava o jornal "O Piquete".
b- Comando militar - composto
pelos Setores de Levantamento de Áreas; Inteligência; Expropriação;
Terrorismo e Sabotagem; e Logistico.
A partir de setembro de 1968 o Setor de Levantamento de Áreas deu início a uma série de viagens pelo interior do país, a fim de selecionar as regiões mais favoráveis à instalação de guerrilhas. Após estudar mais de sete estados, o COLINA decidiu-se, em junho do ano seguinte, por uma região de mais de 100 mil km2, englobando diversos municípios do Maranhão e de Goiás - Imperatriz, Porto Franco, Barra do Corda e Tocantinópolis.
Dilma Rousseff e Comando de Libertação Nacional – COLINA
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